segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O programa do PSd

Acabei de ler, na diagonal, a primeira parte do programa eleitoral do PSd. Deixo aqui a minha primeira análise, em bruto e ainda por digerir, dos pensamentos que me vieram à cabeça quando li o que ali estava escrito. Ainda nem cheguei à parte da solidariedade e não consigo perceber o que é que pode levar alguém que tenha lido este programa a pensar que o PSd põe em causa o que quer que seja. A unica coisa em causa são os boys do PS que se arriscam a ser trocados pelos do PSd... mas isso já aqui tinha explicado.

Em baixo ficam os tais pensamentos soltos que tive ao ler a parte inicial do programa e que ficam em jeito de continuação de alguns comentários que tenho feito n'O Insurgente. Amanhã talvez haja mais.


Economia:
1.2) "Aumentar a percentagem da população portuguesa com ensino secundário e universitário."
Dito assim parece que um curso superior é um objectivo em si mesmo. MFL que tanto diz ter ouvido os portugueses deve ter ficado tão cheia de balelas que nem consegue ver a realidade. Basta olhar à volta e ver se o que o país precisa é de mais engenheiros técnicos com cursos de fim de semana ou de pessoas que saibam trabalhar a sério. Quando foi a ultima vez que teve dificuldades em encontrar um licenciado em historia de artes? (são umas quantas centenas formados todos os anos) E foi fácil arranjar um mecânico competente da ultima vez que tentou?

Fosse MFL um pouco menos socialista e retiraria esta frase do seu programa. São as pessoas que têm de decidir se um curso superior é bom ou não para elas. Não devem ser criados falsos incentivos pelo Estado para as pessoas tomarem esta formação para mais tarde sentirem que perderam 5 anos da sua vida e fazerem parte das estatísticas dos licenciados desempregados enquanto eu não encontro quem me arranje uma fechadura a um sábado de manhã.

1.3) "O Estado deve actuar para promover a concorrência na generalidade dos sectores produtivos, mesmo nos dominados por empresas ou entidades públicas."
O estatismo de MFL continua a querer "actuar" na economia. Quando alguém do arco do poder perceber que faz mais mal do que bem este tipo de disparates o país estará pronto para avançar... até lá para socialistas já temos o PS original, não são precisas copias mal feitas. Todos os pontos descritos debaixo desta frase inicial são propositadamente vagos, sem nos percebermos muito bem a que se refere nem as formas que vai utilizar para "forçar a concorrência". A única coisa aparentemente certa é que um órgão do Estado, a autoridade da concorrência, vai ter mais poder.

1.4) "O Estado tem de criar condições de confiança, favoráveis ao investimento e às exportações."
Mais uma vez discordamos porque a única coisa que o Estado precisa de fazer é sair da frente e deixar as empresas trabalharem. Fala muito aqui de mamar na teta da UE e mais uma vez "promover directamente as exportações" o que, provavelmente, quer dizer que o dinheiro dos meus impostos vão ser canalizados para campanhas publicitárias gratuitas para as empresas que MFL entender que merecem ou não. O Bloco de Esquerda não faria pior.

1.6) "A política económica deve orientar-se para facilitar actividade das empresas, e em especial a das PME."
Porquê é que as PMEs devem ser beneficiadas à custa das restantes empresas e pessoas singulares? Porque são muitas, populares e dão votos. Até garante que se também ganhar as autárquicas haverá uns tachos a distribuir através dos "concursos de investimentos públicos de proximidade". Bom para eles.

1.7) "O governo centrou a sua política no apoio aos desempregados de longa duração, aos jovens e aos desempregados com mais de 55 anos, o que, sendo necessário e devendo manter-se, é claramente insuficiente"
O PSd pretende portanto não só continuar a politica do coitadinho mas reforçá-la. Que original! Além de querer dar mais subsídios por mais tempo (tudo temporário é claro, mas isso aliás todos sabemos que é temporário porque até isto falir não falta muito) quer também interferir directamente no mercado de trabalho alterando as contribuições que os patrões pagam pelos trabalhadores em alguns casos. Ora ou faz para todos ou não faz para ninguém, é uma questão de principio. Porque deve um jovem ter benefícios fiscais que não estão disponíveis para quem tem 40 ou 50 anos? Porque vale a vida de um jovem mais do que a de um velho? Foi algum estudo interno do PSd que revelou que para se ganhar as legislativas é preciso o "voto jovem"?

1.8) "É fundamental que o Banco de Portugal seja eficaz na sua actividade de supervisão."
O PSd não viu o desastre que foi o Banco de Portugal, mais importante que isso é, para o PSd, manter o status quo e fazer de conta que a banca nacional não tem problemas, que tudo se resolve e quem sabe, que o fundo de garantias sirva para alguma coisa na realidade (sem ser brincar à divida publica). Longe de querer acabar com o banco central o PSd promete uma revisão das regras sobre as quais esta instituição se rege. Num partido destes isto apenas pode significar mais poder para o BdP e mais asneiras para esta organização cometer e os portugueses financiarem.

1.9) A "politica de verdade" mostra a verdadeira treta. Consegue falar em reduzir as despesas do Estado sem nunca falar na função publica... a honestidade ficou em casa para dar lugar ao politicamente correcto.

1.11) "só procederemos a uma redução de impostos quando a situação das finanças públicas o permitir."
Ou seja, é para continuar a roubar. Não ponho em causa a situação financeira do país mas se MFL quer convencer Portugal que a situação vai ser resolvida através da carga fiscal ou é mentirosa ou é louca.

1.12) "O próximo Governo do PSD adoptará medidas no sentido de fomentar a poupança nacional, não só do Estado como das empresas e das famílias."
Giro, vai fazer tudo para fomentar a poupança menos baixar os impostos para os portugueses terem mais o que poupar. Brincadeiras...

1.13) "Lançaremos um conjunto de programas que promovam o desenvolvimento de novas indústrias e serviços da economia do futuro, em sectores como as comunicações, a energia [...]"
Ou seja, vão continuar a gastar os recursos de todos a tentar redireccionar esses recursos para sectores que o Estado acha que são prioritários criando assim as ineficiências que tanto criticam ao PS. Mais uma vez podemos ver que a diferença entre PS e PSd não é de principio mas sim de pormenores que não interessam ao menino Jesus.

1.14) "Há que fomentar a criatividade e a inovação nas empresas."
Depois de tudo isto o PSd de Manuela Ferreira Leite também é função do Estado ir às empresas e ajudá-las a ser criativas. Isto promete... mais uma vez isto vai ser feito à custa de uns para financiar os outros. Se a sua empresa fizer coisas de que o PSD goste então tirá direito ao trabalho dos outros, se pelo contrário o que fizer não for do interesse do Estado então trabalhará apenas para financiar o que Manuela Ferreira Leite lhe apetecer. Mais uma vez a questão que mais interessa aos portugueses não é a politica em si mas em vez disso informarem-se dos gostos de Sócrates e de Ferreira Leite para saberem em quem votar pois só assim poderão proteger a sua propriedade.

1.15) A febre da energia ainda anda no PSD, mesmo depois dos descalabros conhecidos mesmo aqui ao lado na vizinha Espanha. Enfim... se fosse isto que movesse os portugueses votavam todos n'Os Verdes.

1.16) "Criaremos um quadro de apoio à instalação de jovens empresários rurais"
OU seja, se tiver menos de 35 anos e for para o campo fazer uma actividade economicamente ineficiente não se preocupe que alguém há-de ser taxado para o sustentar.

1.17) Se em vez de ir para o campo for para o mar pode estar descansado que também lhe damos dinheiro.

1.18) "Criaremos uma estratégia agressiva de promoção de Portugal no exterior como destino turístico"
Ou, por outras palavras, continuaremos a cobrar impostos para pagar a publicidade que devia ser feito pelos operadores turísticos que coitadinhos não podem ser eles a tomarem conta de si.

1.19) "A nossa política de investimento público é radicalmente diferente da que tem vindo a ser seguida"
Em vez de arruinar o país com duas ou três obras como o TGV ou o novo aeroporto o PSD compromete-se a fazê-lo através de uma enorme quantidade de pequenas obras publicas garantindo assim que não só podem mamar mais empresas de construção como os espólios das eleições legislativas poderão ser partilhados com um grande número de autarcas do PSD.

PS: A numeração utilizada nos comentários é referente aos mesmos pontos apresentados no programa. Assim a frase assinalada como 1.19 refere-se à secção 1, parágrafo 19 do programa de Governo do PSd.

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