quarta-feira, 30 de junho de 2010

Brothers, you asked for it

Anda por aí um ultraje com o facto de o governo português ter impedido uma empresa espanhola de deter uma posição numa empresa brasileira através de uma posição minoritária de 5% que se sobrepôs à vontade de 76% dos accionistas que se expressaram hoje em assembleia geral.

É verdade que, ao contrário do que seria normal, uma acção não equivale a um voto quando se trata da PT. Existe uma entidade obscura que com uma acção consegue controlar 50% + 1 dos votos. Mas esta entidade, que é ditadora das regras pelas quais se regem os negócios em Portugal, não fez isto de surpresa. Estas regras são conhecidas há muito tempo, o Governo ou o Estado nunca enganou ninguém e nunca fez intenções de abdicar deste poder mesmo a pedido do tribunal europeu (o federalismo só dá jeito para pagar a nossa dívida).

Quando os senhores que hoje votaram no sentido oposto do governo compraram as acções que compraram sabiam que essas acções não valiam nada em termos de decisão sobre a empresa da qual eram accionistas. Mesmo assim compraram-nas, por sua conta e risco. O próprio acto de comprar acções de uma empresa que é gerida desta forma dá um aval moral à actuação cobarde e controladora do governo. Quem dá avales morais deste género, para poder mamar uns quantos dividendos de uma empresa que só existe pela protecção que goza do Estado escusa de vir chorar para o meu ombro, venderam-se por tuta e meia agora lidem com a escumalha a quem se venderam.

Como diria um certo Francisco: “Brothers, you asked for it”.

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Pensamentos soltos

Riots, blood and starvation will not be how it all ends. It will be how it starts.

Pensamentos soltos de uma tarde atribulada aqui do vosso blogger.

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terça-feira, 29 de junho de 2010

Frase do dia

“Government workers are being paid with taxes on borrowed money. If you are going to create government jobs, you are just borrowing more money. Those aren’t real jobs.”

Jeff Gundlach

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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Ponto de não retorno

Este gráfico que aqui coloco em baixo já a grande parte dos leitores conhece uma vez que tem sido actualizado ao longo do tempo no Inflaccionista. Mede o diferencial de taxas de juro, pagas a 10 anos, entre vários estados (países?) e a Alemanha que serve normalmente como benchmark para a zona euro.



Como tive oportunidade de dizer na última análise, se suavizarmos a linha com uma média mensal dos spreads nota-se claramente que a tendência é para estes spreads continuarem a aumentar. O que não notamos é qualquer impacto positivo (do ponto de vista do custo de endividamento do Estado) das várias medidas tomadas pela União Europeia para ajudar os países conhecidos como PIIGS. Neste outro gráfico que coloco, das taxas de juro brutas a 10 anos, a situação é basicamente a mesma:




Como se pode ver, houve um breve declínio das taxas de juro em Março quando vieram as intervenções no mercado mas como quem me lê está farto de saber as intervenções no mercado não resolvem nada de fundo além de normalmente criarem problemas novos. Assim, como se pode ver Portugal, Espanha, Irlanda e Grécia pagam hoje mais juros do que faziam em Fevereiro antes das intervenções europeias. De facto, países como a Alemanha e Holanda são dos poucos que pagam hoje menos do que há quatro meses atrás exacerbando ainda mais a diferença entre os vários estados membros.

A outra coisa que me salta à vista quando olho para este gráfico e que queria partilhar é o que determino por “ponto de não retorno” e grosso modo está, no segundo gráfico, traçado na linha de 6%. No período de tempo que a maioria da população entende como sendo “o pior da crise” que vai de Setembro de 2008 a Março de 2009 houve vários países que se aproximaram dos 6% mas voltaram atrás e a vida parecia ter retomado o seu percurso normal. Falou-se obviamente do problema da Grécia mas na altura Portugal, Espanha e Irlanda eram “diferentes” e “não tinham nada a ver com a Grécia”. A Grécia claro, todos sabemos, não teria qualquer necessidade de ajuda externa da UE e muito menos do FMI. É quando passa os 6% que o mercado fica convencido que por aqueles lados a coisa correu mal, nunca mais as taxas voltam abaixo deste valor e quando entramos em valores acima de 7% a UE é obrigada a intervir (já que não quis que houvesse default).

Estes valores não são aleatórios, é sabido que grande parte dos cortes orçamentais na Grécia estavam a ser consumidos pelo aumento dos juros. Em Portugal, apesar de não haver cortes orçamentais dignos desse nome o aumento dos juros está já a levar o Estado a procurar financiamento a prazos mais curtos como 3 e 5 anos (algo que também a Grécia fez quando se começou a aproximar dos 6%) mas claro que isso não resolve nada.

O que quero dizer com isto tudo? Que caso os juros da dívida portuguesa a 10 anos passem os 6% preparem-se: a seguir o mundo vai mudar novamente em 15 dias e o engenheiro terá que começar finalmente com cortes orçamentais que se vejam. Seremos os primeiros a recorrer ao super-fundo europeu e os segundos a tornarmo-nos um protectorado alemão como os federalistas do bloco central sempre sonharam. Vai ser penoso porque cada vez que adiamos a dor da responsabilidade financeira tem um custo: maior dor no futuro. Pois o futuro chegou e está para durar… pelo menos até a Espanha também passar o “ponto de não retorno”. Aí, o mundo irá mudar em 15 minutos.

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terça-feira, 22 de junho de 2010

Dois euros

Já tem sido especulado nos últimos meses o fim do euro nos moldes actuais. Neste artigo do Telegraph é abordada a hipótese de um euro a duas velocidades: uma para o core da Europa e o restante para os iPIGS.

The creation of a "super-euro" zone would initially include France, Germany, Holland, Austria, Denmark and Finland.

The likes of Greece, Spain, Italy, Portugal and even Ireland would be left in a larger rump mostly Mediterranean grouping.

The official said French and German officials had first spent months examining how to exclude poor-performing states from the euro but decided it was not feasible.


Esta solução vem de encontro à hipótese que aqui apresentei há uns meses de ser mais fácil a Alemanha sair do Euro do que a Grécia ou Portugal. O Euro ficaria como está e seria criada uma nova moeda para os países "fortes" (acho estranho incluir-se a França ou a Austria nessa lista de países mas enfim). Os iPIGS ficariam depois livres de destruir a sua moeda numa correria à impressora para limpar as suas dívidas.

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segunda-feira, 21 de junho de 2010

A caminho dos $1400 ?

O ouro, medido em dólares, está novamente a fazer máximos históricos. A confirmar-se a esta ruptura de novos máximos fica o caminho aberto para o próximo target nos $1400.

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Finalmente um ressalto

Depois de 6 meses de queda violenta e com várias "operações de salvação" pelo meio o EUR parece ter esgotado a pressão vendedora de momento, demorando relativamente mais tempo do que o esperado a fazer um ressalto.



As próximas resistências a este ressalto encontram-se respectivamente a 1.26, 1.30, 1.33 e 1.38.

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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Actualização de spreads (VII)

Diz que houve em Maio uma intervenção para salvar a Europa. Alguém deu por alguma coisa?

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domingo, 13 de junho de 2010

Salário mínimo (sim, outra vez)

Uma menina de 13 anos compreende o que um professor universitário não consegue.

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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Como funciona o mercado livre

Vejam o capitalismo selvagem em acção, está claro que assim o que é preciso é mais entidades para regularem os reguladores. Ou talvez, só talvez, acabar com o raio do banco central.

Every morning, the so-called Market Operations Committee (MOC) of the ECB analyzes the situation. The committee, whose members the ECB does not identify, supports the central bank in its monetary policy affairs, foreign currency transactions and the management of currency reserves. But the MOC has also become the bridge from which the central bankers are managing the euro crisis.

The Bundesbank's representative on the MOC is Joachim Nagel, head of the central bank's markets department. In closed-door sessions, he and his fellow committee members determine when and for what amounts the ECB and the euro-zone central banks, in concerted actions, buy up the government bonds of highly indebted euro countries to support their prices and thus maintain yields at a tolerable level.

The central bankers have informally agreed on what constitutes this tolerable level. The MOC's goal is to manipulate the markets in such a way that bond prices level off at the values that were in place on April 9, before investors, fearing that the governments could default on their bonds, launched into a massive sell-off of the securities.


Artigo original.

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terça-feira, 8 de junho de 2010

Uma hora com Marc Faber

Uma palestra dada por Marc Faber a 22 de Maio. É uma hora bem empregue.

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segunda-feira, 7 de junho de 2010

O problema grego

Para que até a nossa classe política perceba:

The Greek Crisis Explained, Episode 1 from NOMINT on Vimeo.

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Não se pode ir de férias

Uma pessoa já não pode ir de férias descansada. Tira-se um pequeno dia para descansar e de repente a Hungria proclama estar à beira da falência (e tu BCP, quanto lá tens metido desta vez?), o Euro quebra suportes fazendo novos mínimos relativos, os tribunais alemães ameaçam vetar o bailout europeu por este ser anticonstitucional e, como cereja em cima do bolo, o presidente da república portuguesa pede-me para passar férias no Algarve a bem da economia e contra o endividamento externo. Alega em tom solene que sabe muito bem do que fala, não fosse ele economista.

Não é, no entanto, de espantar. Se é verdade (como diria Edward Murrow) que uma nação de ovelhas origina um governo de lobos também não é menos verdade que um país de trampa pede um presidente da mesma qualidade. Cavaco termina o seu primeiro mandato (quem sabe o último) caracterizado pelo silêncio em temas de somenos importância envolvendo o Governo e a comunicação social mas demonstrando-se sempre pronto a falar de assuntos de interesse nacional como o meu destino de férias ou sobre se a maricagem pode ou não entregar o IRS junto se tiverem um anel no dedo. Eu que sou um bocado “poucochinho” gostaria que o Sr. Presidente me explicasse melhor esta história. Como é que eu, com 1000€ no bolso para gastar estou a endividar a nação por decidir passar as minhas férias na Riviera Maya? E o que acontece se um português pedir um empréstimo ao estrangeiro para passar uns dias na Madeira (que fica mais caro que a Riviera Maya) ?

Eu compreenderia que o nosso presidente viesse dizer que os portugueses não se devem endividar para passar férias, algo que é do senso comum. Já dizia a minha mãezinha que “quem não tem dinheiro não tem vícios” (excepto se for o Estado e poder gastar o dinheiro dos outros) mas não foi isso que o presidente me pediu, fiquei aliás com a sensação que desde que seja para passar férias em Portugal não faz mal nenhum ir à banca – até pode ser um banco de estrangeiro. Ou seja, a preocupação do Sr. Presidente não tem nada a ver com a dívida (como é fácil de ver, senão estaria mais preocupado com o que o Governo anda a fazer do que como vou gastar os meus trocos das férias) mas sim com o proteccionismo do turismo local, nada mais do que isso. Não é preciso ser economista para falar destas coisas, basta ter vontade de mandar na vida dos outros.

Mas se o Sr. Presidente sabe tanto do que fala e está tão convencido da sua razão porque não convoca Sócrates e pede para que legisle no sentido de proibir férias no estrangeiro? Poderá ser anti-constitucional mas justificado pelos tempos de crise em que vivemos, aliás é uma medida muito menos radical do que, por exemplo, subir os impostos com efeitos retroactivos. Se o Tribunal Constitucional pode fechar os olhos a isso devido à crise também pode fechar fronteiras. E porquê ficar por aqui Sr. Presidente? Isto é algo que só resolve o problema durante os meses de verão, uma preocupação destas com as nossas importações não se pode limitar a um quarto do ano, a crise é profunda e a lógica tem de ser seguida com convicção se queremos salvar a nação. Porque não propor medidas como estas:

1) Proibir os portugueses de andarem de carro mais que 10 mil Km por ano. As importações de petróleo são muito más.
2) Obrigar os portugueses a tomar banho de água fria. As importações de gás são muito más.
3) Decretar uma refeição por dia como o máximo permitido por lei. As importações de comida são muito más.

E muitas outras leis no mesmo sentido que estou certo o Sr. Presidente, como especialista que é na matéria, tem já colocadas na manga. Não se esqueça claro de expropriar qualquer macaco com dinheiro no bolso não vão os tipos furar leis tão justas e endividar a nação. Porque todos sabemos que não existem indivíduos, existe apenas a nação e se alguém importa não interessa se pagou ou ficou a dever, é para abater.

Depois de abatidos os macacos e de termos terminado com as importações só queria saber uma coisa que me escapa no seu pensamento: Quem é que vai exportar e para onde?

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quarta-feira, 2 de junho de 2010

You don't have to do it

No que é provavelmente uma estreia - colocar a tag política e ter alguma coisa positiva a dizer sobre essa classe - deixo-vos este vídeo de Chris Christie, governador de New Jersey.

Repare-se nesta professora que se queixa do seu ordenado e faz uma estimativa de quanto é que ele merecia ganhar para que a sua experiência fosse valorizada. Quando o Governador lhe explica que ninguém a obriga a trabalhar ali ela mostra logo de seguida o seu lado altruísta: é que apesar de ela merecer 80 que não lhe dão ela continua a fazer o que faz por "amor". Hipocrisia fantástica mas é uma pequena amostra do pensamento do funcionalismo público.



Via The mess that Greenspan made.

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