segunda-feira, 16 de junho de 2008

Hino ao dinheiro

Esta é uma tradução livre de um artigo de Ayn Rand. Conhecida filósofa Russa do século XX e faz parte do seu trabalho Atlas Shrugged. A tradução foi feita por mim que não sou de forma algum especialista em tradução de obras literárias portanto aguentem-se ou leiam a versão original :)


Valor por valor

Então você pensa que o dinheiro é a origem de todos os males? Alguma vez pensou qual era a origem do dinheiro? O dinheiro é uma ferramenta de troca, que não pode existir a não ser que haja bens produzidos, e que hajam homens para os produzir. O dinheiro é a forma material do principio que os homens que pretendem lidar uns com os outros terão que o fazer através do comércio e trocar valor por valor. O dinheiro não é ferramenta para os preguiçosos que se apoderam dos seus produtos através das lágrimas ou dos conquistadores que se apoderam dele pela força. O dinheiro é apenas possível pelo esforço daqueles que produzem... é isso que considera maléfico?

Quando aceita dinheiro em troca do seu trabalho, fá-lo na convicção de que o poderá trocar pelos produtos que são o trabalho de outros. Não são os preguiçosos nem os conquistadores que dão valor ao dinheiro. Nem um oceano de lágrimas ou todas as armas do mundo poderão transformar esse papel na sua carteira em pão e manteiga que precisa para sobreviver amanhã. Esses bocados de papel, que deviam ser ouro, são um pedaço de honra - são o seu direito à energia e trabalho de homens que produzem. A sua carteira é a sua esperança de que algures no mundo que o rodeia há homens que cumprirão o principio moral da origem do dinheiro. É isso que considera maléfico?


A riqueza é o produto do pensamento humano

Alguma vez pensou na origem da produção? Observe um motor eléctico e ouse pensar que o seu esforço é o resultado de bestas musculares irracionais. Tente plantar uma semente de trigo sem o conhecimento deixado por gerações anteriores. Tente produzir comida apenas com movimentos físicos... aí descobrirá que é a mente do homem que é a origem de todos os bens produzidos e de toda a riqueza na Terra.

Mas você diz que o dinheiro é feito pelos fortes à custa dos fracos. Que força ? Não é a força das armas ou dos musculos. A riqueza é produzida pela capacidade de o homem pensar. É justo dizer que a riqueza do homem que inventou o motor foi feita à custa daqueles que não inventaram nada? É o dinheiro feito pelos inteligentes à custa dos estupidos? Ou pelos competentes à custa dos preguiçosos? O dinheiro é feito - antes de poder ser conquistado ou pedido - pelo esforço de todos os homens honestos, até ao limite da sua competência. Um homem honesto é aquele que sabe que não pode consumir mais do que produz.

Cada homem é dono do seu próprio raciocinio e trabalho

Fazer trocas através do dinheiro é o codigo de conduta dos homens de bem. O dinheiro jaz no axioma de que cada homem é dono do seu próprio trabalho e raciocinio. O dinheiro não permite que algum poder anule o valor do seu trabalho. O dinheiro permite-lhe obter do seu trabalho e dos seus bens aquilo que outros homens acham que valhe mas não mais do que isso. O dinheiro não permite mais nenhum acordo do que aqueles considerados justos entre dois homens de raciocinio livre. O dinheiro exige de si o reconhecimento de que os homens têm que trabalhar para o próprio beneficio - para o seu ganho próprio, não para seu prejuizo. O reconhecimento de que os outros homens não são burros de carga, de que tem de lhes oferecer valor e não ferimentos - que o que une os homens é a troca de bens e não a troca de violência entre mestre e escravo. O dinheiro impede que venda a sua fraqueza à estupidez dos homens e obriga-o a vender o seu talento à razão dos homens. Exige que compre, não o que tiver qualidade discutível mas o melhor que o seu dinheiro pode comprar. E quando os homens vivem através do comércio - com a razão e não a violência como árbitro - é o melhor produto que vence. É o homem de melhor pensamento e habilidade que vence e a sua recompensa é medida em produtividade. Este é o código de coexistência para quem usa o dinheiro como ferramente... é isto maléfico?

A escumalha que tenta inverter a ordem da causalidade

Mas o dinheiro é apenas uma ferramenta. É o meio para comprar o que desejar mas o dinheiro não lhe cria o desejo.

O dinheiro não compra felicidade a alguém que não sabe o que quer. O dinheiro não criará um código de valores se o homem não sabe o que tem valor. Não dará aos homens um objectivo se estes não sabem o que procurar. O dinheiro não comprará inteligência ao ignorante, admiração ao cobarde nem respeito aos incompetentes. O homem que tenta comprar a inteligência dos outros com dinheiro (tentando substituir inteligência por dinheiro) acaba por ser vitima dos que lhe são inferiores. Os homens de inteligência deixalo-ão e será rodeado por vigaristas que imporão a lei de que nenhum homem pode ser mais pequeno que a sua carteira. É por isto que acha o dinheiro maléfico?

O dinheiro não serve a mente medíocre

Apenas o homem que não precisa da riqueza é livre para a obter - o homem que faria a sua fortuna independetemente das sua origem como ser humano. Se um herdeiro é igual ao seu dinheiro este serve-o caso contrário destroi-o. Mas você olha e queixa-se que o denheiro corrompeu o herdeiro. Será? Ou foi ele que corrompeu o dinheiro? Não tenha inveja de um herdeiro - a riqueza dele não é a sua e você não teria feito melhor. Não pense que essa riqueza devia ter sido distribuida por outros: colocar 50 parasitas no mundo em vez de apenas um não traria vantagens a ninguém.

O dinheiro não serve mentes medíocres... é por isso que diz que o dinheiro é a origem do mal?

O dinheiro como meio de sobrevivência

O dinheiro é o seu meio de sobrevivência. O veredicto que pronuncia sobre o seu meio de sobrevivência é o veridicto que pronuncia sobre a sua própria vida. Se a origem é corrupta então toda a sua existência é corrupta. Conseguio o seu dinheiro através de fraude? Por apelar aos vícios dos homens ou à sua estupidez? Por lisonjear idiotas à espera de receber mais do que merece? Baixando o seu próprio nível de expectativas? Fazendo trabalho que despresa para patrões que detesta?

Se assim for então o seu dinheiro não lhe dará um momento de prazer. Todas as coisas que comprar não serão um tributo a si mas uma repreensão. Não o culminar de algo mas apenas vergonha. Então gritará que o dinheiro é mau. Mau porque não se preocupa com o seu amor-próprio? É por isto que acha que o dinheiro é mau?

O dinheiro é um efeito e você é a causa

O dinheiro será sempre um efeito e recusa-se a ser a causa que é o homem. O dinheiro é produto da virtude mas não dará ao seu portador virtude nem o curará dos seus vicios. É daqui que vem o seu ódio ao dinheiro?

Ou será que o que quer dizer é que é o amor ao dinheiro que é a raiz da mal? Porque amar alguém ou alguma coisa é conhecer e amar a sua natureza. Amar o dinheiro é saber e amar o facto de saber que o dinheiro é o produto do seu potencial e que é a forma de trocar o que de melhor faz pelo que de melhor faz o seu vizinho. O que grita mais alto contra o dinheiro é aquele que era capaz de vender a alma por um cêntimo. Os amantes do dinheiro estão dispostos a trabalhar por ele. Deixe-me dar-lhe esta regra simples: O que odeia o dinheiro obteve-o de forma desonesta enquanto que aquele que o ama trabalhou por ele.

O unico substituto para o padrão ouro é a ponta de uma arma

Fuja o mais rápido possível de quem lhe diz que o dinheiró é a origem do mal. A frase é sussurrada pelos salteadores. Enquanto os homens viverem juntos em harmonia e necessitarem da ajuda uns dos outros o unico substituto do dinheiro será a ponta de uma arma.

O dinheiro é o barómetro da sociedade

Mas o dinheiro requer de si virtude se o pretende ganhar ou manter. Homens sem coragem, orgulho ou amor-próprio - homens que não têm o sentido moral do dinheiro que lhes pertence e que não estão dispostos a defende-lo como defenderiam a sua vida, homens que pedem desculpas por serem ricos - não permanecerão ricos por muito tempo. São estes as vitimas naturais para os salteadores que se escondem debaixo de pedras durante séculos mas que surgem à primeira visão de um homem que que se sente culpado pela sua riqueza. Eles depressa se ocuparão de sarar a culpa destes homens - tal como merecem.

Então surgirão homens com visão dupla. Aqueles que vivem pela força mas no entanto esperam que os que vivem pelo comércio criem valor para eles. Andam à boleia da virtude dos outros. Numa sociedade moral estes serão criminosos e leis serão escritas para proteger os produtores desta gente. Mas quando a sociedade protege estes criminosos e salteadores de virtude alheia estes crêm que é correcto roubar de homens indefesos apenas porque há uma lei que os obrigou a entregar as armas. Mas o seu dinheiro atrairá outros criminosos que lhes ficarão com o dinheiro da mesma forma que eles ficaram com o seu e então começa a corrida e aí o dinheiro irá não para o melhor homem mas para aquele que for mais bruto e impiedoso... e a sociedade cairá em ruína.

Para saber se esse dia está a chegar olhe para o dinheiro - ele é o barómetro da virtude de uma sociedade. Quando reparar que o dinheiro troca de mãos não por consentimento par por compulsão - quando reparar que para produzir precisa de autorização de quem não produz nada - quando vir que o dinheiro vai para aqueles que negoceiam não produtos mas favores. Quando as leis não o protegem para protegerem que não produz - quando a corrupção é recompensada e a honestidade um sacrificio - reconhecerá que a sociedade em que vive está condenada. O ouro é nobre o suficiente que não compete com armas e não chega a termos com a brutalidade. Não permitirá que um país sobreviva como metade produtividade metade pilhagem.


O papel moeda [em oposição ao padrão ouro] é uma hipoteca sobre riqueza que não existe

Quando os destruidores surgem entre os homens começam sempre por destruir o padrão ouro pois é ele a protecção da riqueza do homem e a base da existência moral do dinheiro. Os destruidores confiscam o ouro e deixam falsificações de papel. Isto destroi todas as medidas objectivas de riqueza e deixa aos homens entregues ao comércio sobre valores arbitrários. O ouro é uma unidade de medida sobre a riqueza existente, o papel moeda é uma hipoteca sobre riqueza que ainda não existe suportada por armas apontadas aqueles que a terão que produzir. O papel moeda é um cheque passado pelos salteadores de uma conta que não é deles, à custa dos produtores da sociedade.

Quando corrompem os meios de sobrevivência não esperem que os homens se mantenham bons. Não esperem que os seus padrões de moralidade se mantenham intactos. Não esperem que aumentem a produção em tempos que a produção é desdenhada e o roubo incentivado.

E assim encontramo-nos no auge de produtividade de uma das maiores nações de sempre e mesmo assim perguntamo-nos porque parece tudo desmorenar à nossa volta enquanto você amaldiçoa o dinheiro. Durante toda a história do homem o dinheiro foi corrompido por salteadores que apenas mudaram de nome mas que mantiveram os métodos: confiscar a riqueza e manter os produtores reduzidos, difamados e deprivados de honra. Essa frase sobre o dinheiro que sai da sua boca descuidada vem de um tempo em que a riqueza era criada pelos escravos. Escravos que repetiam tarefas descobertas por alguém séculos antes e deixadas assim, sem melhorias ao longo do tempo. Enquanto a produção for governada pela força e a riqueza obtida pela conquista haverá pouco para conquistar. No entanto, durante todos estes séculos os homens exaltaram os conquistadores como os aristocratas da espada, os aristocratas de nascimento, os aristocratas do governo e desdenharam sempre dos escravos, dos comerciantes, dos lojistas e dos insdustrialistas.


O país do dinheiro

Para glória da humanidade houve pela primeira - e única - vez na sua história um país do dinheiro. E não há maior tributo que eu possa fazer à América pois isto significa: um país de justiça, de liberdade, de pensamento, de produção e concretização. Pela primeira vez o homem, a sua mente e o seu dinheiro foram postos em liberdade e a riqueza e fortuna foram conseguidas não por conquista mas pelo trabalho e em vez de escravos surgiram os verdadeiros criadores de riqueza, o grande trabalhador, o maior ser humano - o industrialista americano.

Se me perguntarem qual a maior distinção do povo Americano, escolheria - porque contém tudo o resto - o facto de que foram eles que inventam a expressão "fazer dinheiro". Nenhuma outra nação ou linguagem tinha usado esta combinação de palavras antes. Os homens sempre pensaram na riqueza como uma quantidade estática - para ser apreendida, herdada, pedida, partilhada, roubada ou obtida através de favores. Os americanos foram os primeiros a compreender que a riqueza tem de ser criada. A fraze "fazer dinheiro" contém a essência da moralidade.

No entanto, foi por essas palavras que os americanos foram denunciados como uma cultura podre pelos habitantes do continente dos salteadores. E agora os dizeres dos salteadores fazem com que os americanos encarem os seus maiores feitos com vergonha. Vêm a sua prosperidade com culpa, os seus industriais como guardas e as vossas fábricas como locais de trabalho para escravos em nada melhor do que as pirâmides egipcias. Aquele que não consegue destinguir o poder do ouro sobre o poder do chicote devia servir sobre ambos até descobrir a diferença.

Enquanto não redescobrirem que o dinheiro é a origem de todo o bem estão a pedir a vossa destruição. Quando o dinheiro deixa de ser a ferramenta pela qual os homens lidam uns com os outros então são os homens que se transformam em ferramentas. Sangue, chicotes e armas - ou ouro. A escolha é vossa e o tempo escasseia.



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sexta-feira, 13 de junho de 2008

Dinheiro honesto

Encontrei no YouTube uma entrevista antiga (1995) feita ao candidato presidencial (entretanto perdeu as primárias) republicano Ron Paul.

Para quem não sabe o que é realmente o dinheiro e porque é que o "papel moeda" nos leva a ciclos de recessão e inflacção constante esta entrevista pode ser uma revelação.

Infelizmente não tem legendas.

Honest Money 1/4
Honest Money 2/4
Honest Money 3/4
Honest Money 3/4

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Obrigado Irlanda!

A constituição Irlandesa, ao contrário da dos outros 27 países da União Europeia, foi desenhada para proteger as populações dos abusos do poder politico. É preciso ter visão numa altura em que se desenha a constituição de um país para reconhecermos que como politicos (os que escrevem a constituição) são humanos e vão cometer erros e que apesar disso os interesses nacionais devem ser resistentes ao erro politico.

Assim, a Irlanda foi o unico país a ir a votos sobre o referendo de Lisboa. Depois de ontem no Parlamento Socrates nos ter explicado que não houve referendo em Portugal porque a sua carreira politica europeia estava em jogo todos os Europeus que gostavam de debater o assunto depositaram a sua esperança na Irnlanda... compensou: o ministro do interior Irlandês acaba de reconhecer a vitória do "Não" e morreu o tratado de Lisboa.

Obrigado Irlanda, pela lição de democracia aos líderes europeus.

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quinta-feira, 12 de junho de 2008

Procura e Oferta

Ainda sobre o preço do petróleo, Tony Hayward (presidente da BP) veio esclarecer que culpar os especuladores pelo aumento do preço do petróleo é um mito. Para exempleficar o seu ponto de vista deixou-nos com dois gráficos simples:




Neste primeiro gráfico podemos ver a evolução da oferta. Verificamos essencialmente que houve uma redução na produção de cerca de 130 mil barris de petróleo por dia. Como já tinha aqui escrito noutros artigos os novos poços de petróleo que surgem não chegam para suplantar a oferta dos que fecham. Só nos países da OPEC a produção baixou em 350 mil barris por dia.

Pior, no entanto, é o segundo gráfico: Aqui podemos ver que a procura aumentou em cerca de 1 milhão de barris por dia, criando na realidade um défice de 1.130.000 barris por dia em relação ao ano passado. Obviamente o maior crescimento na procura veio da Asia.



Pelo que se vê nos gráficos em vez de perguntarmos se os culpados pelo preço são os especuladores deviamos se calhar questionar se não foram os especuladores que andaram a suprimir os preços do petróleo durante todo este tempo (através de vendas curtas), agora que o pânico chega foram obrigados a cobrir as suas posições para limitar as percas financeiras e o pânico causou o aumento abrupto que se viu.

O petróleo barato acabou e vai continuar a subir até a produção aumentar o suficiente ou até os preços estarem altos o suficiente para suprimir a procura crescente dos ultimos anos... certo como 2+2 = 4.

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O populismo também é de esquerda

O país (e o Mundo) continua imerso no debate sobre o preço do petróleo. Ainda hoje vi no Parlamento o deputado Bernardino Soares (bancada do PCP) a pedir ao governo uma nova medida para combater este "flagelo" que passava por cobrar um novo imposto à GALP sobre os lucros vindos da "especulação".

Pelo que entendi do discurso, este lucro é aquele que é gerado pela variação do preço do petróleo enquanto a GALP o compra e mais tarde o vende (imaginemos que a GALP tem dois meses de reserva, comprou a 110 na altura e hoje poderia vender a 130 que é o preço actual). Apresentando a proposta como só a esquerda o consegue fazer surgem duas questões fundamentais:


A primeira é obviamente tentar perceber como é que alguém consegue chegar à conclusão de que aumentando o custo operacional do armazenamento de combustível (através do aumento de impostos) vamos ver uma baixa no preço do produto que está a ser armanezado? O que é que o faz pensar que esse custo não vai ser passado para o consumuidor?

A segunda é o que é que vamos fazer quando os preços baixarem. Para manter os stocks suponho que a dita empresa terá de comprar bens agora com base no preço actual. Se daqui a dois meses o petróleo estiver a 110 o que é que é feito? Tem direito a um desconto no imposto? É devolvido o dinheiro que perdeu na "especulação"?

A ver se percebo... quando o preço do petróleo subir os consumidores pagam o aumento a dobrar para subsidiar ainda mais um imposto. Quando o preço descer os contribuintes pagam à GALP o prejuízo que teve no armazenamento de combustível.

E no meio disto tudo é suposto termos combustiveis mais baratos...

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segunda-feira, 9 de junho de 2008

A culpa é do Trichet!

Por essa Europa fora os politicos continuam a fazer as suas figuras tristes (a imagem colocada no post anterior poderia ser muito bem de um qualquer conselho de ministros por essa Europa fora). Com a inflação na zona euro a atingir os 3.6% (e no Reino Unido nos 3.8%) Jean-Claude Trichet veio avisar que pode haver uma nova subida de juros para breve para tentar abrandar a inflacção. Fez o que lhe compete... mandatado aliás pelo Parlamento Europeu.


Sapatero, a braços com o colapso da economia espanhola fruto dos excessos da ultima década, não se esquivou ao populismo e praticamente só faltou acusar Trichet de ter causado o pânico nos mercados mundiais... bom, até acusou mas foi dissimulado. O homólogo francês de Sapatero nem se deu ao trabalho de entrar em populismos... mandou emitir hoje mais 660 milhões de Euros em notas de Tesouro (ou seja, o Estado Francês endividou-se em mais 660 milhões de Euros) elevando a dívida pública do país para mais de 5 mil milhões de Euros... o sucessor de Sarkozy que os pague.

É importante que os eleitores percebam que a inflacção é um mal menor para os governos. Estes, quando apertados, podem sempre recorrer a empréstimos e à criação de mais dinheiro para fazer face às dividas mas para a população em geral a inflacção é mais um imposto que se paga e pode ter um efeito devastador no investimento prejudincando assim o desenvolvimento a médio e longo prazo. Com a maior parte dos governantes europeus com mandatos de 4 ou 5 anos convenhamos que não podemos ficar surpreendidos quando o foco das suas politicas económicas são estimular o crescimento através do endividamento para grandes obras publicas (que empregam muita gente) em vez de promover um crescimento sustentado que depois quem vai ficar bem visto é o próximo governo.

Devemos no entanto ficar satisfeitos com a clarividência que os nossos governantes europeus tiveram. Sabendo que são uns inrresponsáveis natos os politicos decidiram, na altura da criação do BCE, dar-lhe independência do sistema politico para que possa tomar as decisões que achar necessárias. Vamos a ver se a pressão das populações não os vai obrigar a dar um passo atrás.

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Enfiar a cabeça na areia...

E aqui fica um pouco de humor sobre como o mundo pretende enfrentar a crise...

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sexta-feira, 6 de junho de 2008

Petroleo Vs Gasolina

O Marco António, no Caldeirão deixou-nos um gráfico bastante útil que coloco aqui em baixo.

Nele podemos ver o preço do barril de petróleo em Euros (dividido por 100 para estar à escala) e comparado com o preço da gasolina em Portugal e Espanha antes dos Governos dos dois lados da fronteira decidirem "meter a unha".



Valerá a pena continuar a bater nas petrolíferas?


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terça-feira, 3 de junho de 2008

500 anos de trigo

No gráfico em baixo (infelizmente com muito pouca resolução) que foi retirado deste website podem ver a evolução do preço do trigo nos ultimos 500 anos (vai até 2006, não mostra o aumento brutal dos ultmos dois anos).

Pode-se ver picos em certos períodos (provavelmente secas) e uma grande subida no século XVIII (revolução industrial) mas no geral existe uma estabilidade nos preços até chegarmos ao século XX... coincidência?

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Inflacção? O que é?

Inflação:
1) Acto ou efeito de inflar
2) Subida generalizada e contínua dos preços
3) Extensão ou aumento considerado excessivo de um fenómeno

Na primeira procura no dicionário que faço da palavra são estes os sinónimos que encontro. Quando perguntarmos ao cidadão comum teremos óbviamente uma associação ao aumento dos preços (até pela actual conjuntura) e os outros dois significados da palavra não serão tidos como relevantes... o que é pena.


Nos dias de hoje a inflação é vista como algo inevitável. Esta geração sempre viveu com inflação, nunca conheceu outra maneira. Temos até rituais de inflacionar artificialmente os preços, todos conhecemos o ritual do 1º de Janeiro em que passamos a pagar mais 5 cêntimos pelo nosso café simplesmente porque acabou o ano civil, como se de repente a produção mundial de café tivesse sido atingida por um dos foguetes lançados na noite anterior e tivesse queimado as plantações de café e nós não temos outro remédio que pagar pela escassez do mesmo.

Na realidade, esses rituais do 1º de Janeiro devem-se não à inflação directa mas sim a expectativas de inflação futura. O dono do café espera que os seus custos com salários, água, fornecedores, etc. subam durante o ano e como tal precavê-se logo no inicio. Se os seus custos se mantivessem não haveria razão para alteração de preços e se o fizesse estaria a dar armas aos seus concorrentes (aliás... existe um outro ritual de Janeiro que consiste em encontrar o café que ainda não subiu o preço da bica).

Conclusão óbvia para quem bebe café: a inflação é chata - devíamos acabar com isto não fosse obviamente a inflação uma força do destino. Ou não?

Houve tempos, séculos... em que não houve inflação (uma subida generalizada e contínua dos preços, obviamente sempre houve variação nos preços consoante a lei da procura e da oferta) como a conhecemos hoje. Este é um fenómeno bem recente e surge das outras definições da palavra.

Existem uns senhores que ocupam os centros de decisão monetária (como o Banco Central Europeu e a Reserva Federal Americana) que decidem inflar a massa monetária em circulação... ou de outra forma causam o aumento excessivo de massa monetária... ou ainda de outra forma, criam tantas notas que existe uma abundância de dinheiro em circulação.

Além dos impostos e da emissão de dívida publica, a impressão de dinheiro é a terceira via que um Estado tem para se financiar. Imaginemos que Portugal ainda estava fora da moeda única europeia e lhe dava na cabeça para construir uma qualquer coisa megalómana como um Aeroporto novo ou uma linha de comboio de alta velocidade no meio do deserto. Ou taxava-nos até à morte (alguns contribuintes não deve faltar muito...), ou emitia titulos de dívida publica que investidores haviam de comprar (estando obviamente à espera de um retorno quando o Estado devolvesse o dinheiro) ou pura e simplesmente imprimia notas suficientes para pagar ao empreiteiro.

Esta terceira medida (e a segunda normalmente resultava em o Estado imprimir as notas para pagar os emprestimos mas de uma forma mais dissimulada) é de facto o que causa a inflação – o crescimento da massa monetária. Continuando com o exemplo do empreiteiro este está a receber dinheiro fresco que vai ser injectado na economia real – vai ser pago a fornecedores e a empregados, que sucessivamente vão usar para ir às compras, etc.

Esta nova riqueza que surge através do novo dinheiro terá que ser absorvida pelo mercado e haverá agora mais dinheiro a competir pelas mesmas mercadorias. Isto fará com que os preços subam uma vez que há mais dinheiro para gastar. O pior é que esta riqueza é distribuida numa base “first come, first served” ou numa tradução lata... o primeiro a chegar é que fica a ganhar.

Reparemos que neste caso o primeiro a obter o dinheiro “grátis” é o Governo – ganhou um aeroporto de borla.

De seguida temos o empreiteiro (estou a simplificar, fazendo de conta que apenas uma entidade era responsável pela obra) – com este novo dinheiro pode pagar aos empregados acima do mercado garantido know how e pagar um prémio aos fornecedores para entregas mais rápidas (prejudicando quem estava antes no mercado).

De seguida, os empregados enriquecidos com o novo dinheiro irão (por exemplo, simplificando de novo) jantar fora todos os dias e distribuem o novo dinheiro pelo dono do restaurante (eles iam todos jantar ao mesmo sitio). O gerente do restaurante devido ao interesse no lombo de vaca vai dispersar o dinheiro pelo talho que começa a ter dificuldades em fornecer todos os pedidos e brevemente começa a ter que pagar um prémio ao seu fornecedor para garantir que tem carne suficiente. Efectivamente o preço da carne de vaca vai aumentar. O gerente passa esse custo aos seus clientes e diz que a culpa é do homem do talho, os clientes não se importam porque sentem que “ganham bem acima do mercado”.

Parece que correu tudo bem e o mercado se ajustou ao novo fornecimento de dinheiro. Infelizmente a Dona Lurdes que já tem 70 anos e não trabalha e vive apenas do que juntou durante os seus anos de trabalho está fora do circulo deste novo dinheiro e tem apenas acesso ao dinheiro que foi obtendo durante a sua vida. Efectivamente, quando o preço da carne de vaca aumenta o dinheiro da Dona Lurdes perdeu valor e queixa-se da inflação – o acto continuado dos preços pela simples razão dos governantes aumentarem excessivamente o dinheiro em circulação.

Obviamente todo este processo, aqui simplificado, demora anos e não é feito com um ou dois aeroportos ou TGVs ou auto-estradas. Mas, diz o ditado, mil milhões aqui, mil milhões ali e de repente estamos a falar de dinheiro a sério. Observando o gráfico em anexo podem ver que desde 1998 a Massa monetária (M3) praticamente duplicou – isto foi antes das injecções de capital de emergência que o BCE fez quando rebentou a crise hipotecária nos EUA (injecção de capital, quando feita por um banco central, é outro termo para “impressão livre de notas”).



Por alguma razão os nossos governantes achavam que este dinheiro ia ficar escondido debaixo de um colchão de alguém e que nunca iria entrar na economia a ponto de causar o aumento dos preços. Agora que o efeito está à mostra no preço de tudo apontam o dedo aos especuladores como se não fosse nada com eles.

O povo claro, esse iluminado... faz boicotes à GALP!

Nem um único partido critica as politicas monetárias seguidas (nos EUA tem sido pior ainda. A Reserva Federal Americana deixou até de publicar o M3 há dois anos quando atingiu níveis históricos) porque sem estas politicas de “dinheiro grátis” era impossível seguir as politicas deficitárias que apoiam com rendimentos mínimos garantidos e sistemas de segurança social que se fossem postos em prática por uma qualquer entidade privada seriam de imediato presos por fraude.

Mas o povo, claro... esse acha normal que descontando 300 euros por mês durante 40 anos vai ser possível ter uma reforma de 600 euros por mês durante 30 anos. Não é que não saibam fazer contas, simplesmente acham que é possível ter algo de borla porque é isso que lhes foi prometido pela classe política e se a geração anterior beneficiou deste sistema a geração actual também se sente (justamente) no mesmo direito.

Não há almoços grátis e o que estamos a ver é simplesmente a conta do que andámos a ir comer fora estes anos todos sem pagar. Resta saber se vamos responsabilizar a GALP ou alguém que tenha tido mesmo culpa no cartório.

PS: O artigo já vai longo e aborda muitas áreas. Tentarei no futuro escrever uma série de artigos mais pequenos sobre a história do dinheiro e o processo “moderno” da criação/inflação do mesmo (a segurança social é uma guerra à parte). Comentários ou dúvidas estejam à vontade.

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segunda-feira, 2 de junho de 2008

Socrates quer reforma paga pelo filho

Sócrates afirmou este fim de semana, ao insurgir-se contra sistemas de segurança social privada, que está confortado com a ideia de pagar a reforma ao seu pai e de ter a sua reforma paga pelo filho.

Estou certo que dorme descansado. Estaria no entanto mais interessado na opinião do filho.

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