quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O que fazer por Portugal?

Era de manhã e ia a caminho do trabalho com a TSF ligada por mero hábito, a informação em si já estou habituado a ter que revalidar tudo quando me sento em frente ao computador e posso ver os factos por mim ou consultar fontes mais fidedignas que os media portugueses. Enquanto isso, aparece-me um anúncio com a voz do JFK a perguntar o que eu podia fazer pelos EUA dos anos sessenta imediatamente interrompido por Jorge Sampaio a mandar bitaites sobre o que ele acha que eu devia fazer por Portugal no novo milénio.

Enquanto fui estudando hipóteses, que as sugestões do Sampaio consistiam de besteiras inúteis que já nem me recordo, acabei por concluir que a melhor forma de contribuir para o futuro da nação seria mesmo emprestar o meu isqueiro a um piromaníaco. Enquanto me entretia com estes pensamentos parece que o dito programa, transformado em conferência pela TSF, foi para o ar e dei por mim a ouvir que era Rui Rio que ia presidir aos trabalhos. Era para me começar a rir dessa anedota quando ele, sem ninguém lhe perguntar nada e apenas porque devia fazer uma intervenção inicial antes de começarem as intervenções dos convidados propriamente ditos, desata a dizer o quão orgulhoso está de há não sei bem quantos anos ter sido o motor que proporcionou a criação da câmara corporativa dos contabilistas para estes poderem defender os seus interesses. Este idiota (in)útil vai para uma conferencia sobre o estado lastimoso a que chegou Portugal dizer o quanto se orgulha de fundar uma organização que protege os interesses corporativos. Pouco mais disse nos seus cinco minutos de discursos além de umas alusões bacocas à sua satisfação pessoal por este evento ter sido realizado no Porto.

Passou a palavra a outro líder das câmaras corporativas, desta vez dos advogados. Começou por citar Immanuel Kant para basicamente dizer que o estado do Estado era lastimável mas que a culpa não era dele. Prosseguiu com umas verdades óbvias, em português moderno, sobre a crise para os parolos ficarem com a ideia que ele sabia do que estava a falar e depois começou a vomitar, no bom sentido, umas coisas sobre a 1ª República altura em que foi interrompido por um membro da audiência que o apelidou de ignorante ou algo do género.

Desliguei o rádio e fiquei a pensar se aquele membro da audiência, quem quer que fosse, não seria a pessoa indicada para eu emprestar o meu isqueiro. Se é aquele tipo de gente a quem se dá o palco para sugerir melhorias para Portugal não vale a pena fazer nada, foram eles e outros como eles que aqui nos trouxeram. É bom que os portugueses percebam isso.

1 comentário:

Miguel Simão disse...

Poderia dizer algumas coisas, mas pensando bem não vale a pena está tudo e dito e muito bem, diria mesmo excelente!
Bem haja pela lucidez