sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Ignorância financeira

Portugal tem de enfrentar a crise financeira que bate à porta tal como todos os outros países. No entanto, Portugal é vitima de uma situação mais grave pois será um dos poucos países que tem um primeiro ministro completamente ignorante e ileterado em questões económicas e financeiras.

Em Setembro José Socrates já nos tinha presenteado com as suas afirmações na Assembleia da Republica dizendo que não sabia o que era o shortselling (venda curta) mas que era contra. Isto demonstra não apenas a sua ignorância sobre os mercados de capitais mas também a sua arrogância e intrasigência sendo contra algo que não sabe muito bem do que se trata (continuo a fazer notar como fiz anteriormente que as maiores quedas dos índices bolsistas vieram a seguir a este tipo de proibições por vários governos).

Neste natal porém o nosso primeiro ministro, na sua mensagem de boas festas, dá mais umas mostras da sua incompetência. O mais gritante será mesmo quando diz que o Governo foi responsável pela queda das taxas de juro. Isto não é a sua ignorância, ele sabe que isto é mentira até porque já tinha dito antes que o Governo nada poderia fazer sobre as taxas de juro (o que é manifestamente verdade devido à adesão ao Euro e ao outsourcing que fizemos do serviço de impressão de moeda para o Banco Central Europeu). Mas sendo 2009 um ano de eleições José Sócrates não resistiu a mentir um bocadinho na esperança que não seja ele o unico ignorante financeiro no país e que realmente alguns eleitores acreditem que foi ele, com o seu toque divino, que fez baixar as taxas de juro (as prestações essas ainda não desceram para muitos portugueses devido a especificidades dos contractos de empréstimo).

A segunda parte do discurso centrou-se nos "recursos" que o Governo promete utilizar contra a crise no "interesse nacional". Convém esclarecer duas coisas:

1) O Governo não tem recursos. Para ter recursos um país necessita de superavits comerciais e fiscais coisas que Portugal não sabe o que é há várias décadas. Os cofres estão vazios e portanto nada há para gastar ou investir no meio desta crise. Teria sido necessário, em tempo de vacas gordas, aproveitar para diminuir a despesa publica com uma reforma da função publica séria e célere. Reduzir o défice à custa do aumento da carga fiscal como se verificou, além de demonstrar a incompetência de quem nos governa, fará com que aos primeiros sinais da crise a massa tributável desça consideravelmente e que a receita fiscal fique muito longe do necessário para cobrir as despesas correntes.

2) O único "recurso" que resta então ao nosso primeiro é endividar-se. Aqui convém esclarecer que nada há de "interesse nacional" em endividar o país e convém chamar as coisas pelos nomes. O Governo está interessado em ser eleito novamente, isso é obviamente no seu interesse e no interesse do Partido Socialista, o interesse nacional é que não podia estar mais desinteressado no PS ou nos seus líderes. Reconheço que a dívida será um balão de oxigénio a curto prazo, mais do que suficiente para garantir mais 4 anos desta governação mas a longo prazo, quando formos obrigados a pagar o que devemos, vai ser bastante pior para o país. Convém pois não confundir o interesse de José Socrates com o interesse nacional.

Neste Natal é o meu desejo que alguém tenha oferecido aos membros do nosso Governo um qualquer livrinho de Adam Smith ou Rothbard... poderia poupar as novas gerações a anos de sofrimento no futuro.

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