quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Um país a saque

Enquanto escrevo estas linhas Portugal está a ser saqueado. Uma enorme transferência de riqueza está a ser realizada e conduzida pelos líderes da nação. É o mesmo de sempre mas desta vez nem têm vergonha.

A crise é uma oportunidade para muitos, assustando as pessoas que podem perder tudo, a casa para os altos juros ou os empregos para uma economia em recessão pode-se fazer muita coisa sem que haja um sentimento de revolta por aqueles que se vêm despojados dos seus bens. É assim que se roubam milhões e milhões...

E quem é roubado são os mesmos de sempre, os que têm algo que valha a pena ser roubado. Os que trabalham vêm o seu esforço ser cada vez menos compensado pela tributação directa, indirecta ou camuflada dos produtos do seu trabalho.

Um banco pode ter uma ajuda de 600 milhões de euros de uma semana para a outra. Não interessa se foi gestão danosa, se não houve controlo do risco, se houve alavancagens excessivas ou simplesmente irracionalidade nos investimentos. Tem de ser ajudado a todo o custo. Mas se formos uma pequena empresa então temos de pagar impostos sobre bens ainda não facturados, sobre lucros que não existem, alhearmo-nos de capital que é nosso para que o Estado possa distribuir por quem bem entender.

A industria automóvel pode receber 900 milhões de euros sem qualquer tipo de problemas. Mas reduzir o duplo roubo do Imposto Automovel e do IVA que se paga sobre esse imposto está fora de questão. Todos os estimulos foram considerados para esta industria à excepção de aliviar o consumidor dessa industria.

E assim quem trabalha vai pagando sem protestar. Paga o IA, o IVA, o ISP, o IRS, o IRC, o IMT, a taxa moderadora, o imposto do selo e o que mais lhe pedirem para pagar e para se sacrificar em prol do interesse nacional (a vergonha que seria falir um banco nacional... o horror, a tragédia... a palhaçada que sai das bocas dos nossos governantes).

Enquanto esta metade produtora do país não se recusar a pagar o que não deve Portugal continuará neste estado. Deixar os campos abandonados, parar as fábricas, não passar recibo, trabalhar por fora... são as soluções para deixar este barco naufragado afundar de vez e podermos começar de novo.

1 comentário:

Unknown disse...

Grande crítica, gostei. Pareces o Medina a falar :P
Concordo com o que dizes, com a excepção que isso não é levado pela crise. Sempre foi assim, com crise ou não, a diferença é que o roubo e a politica de interesses acaba por ser mais explicita, so não ve quem não quer.

1 Abraço.