O Daily Telegraph publicou um artigo no ultimo fim de semana sobre a situação, grave, na Irlanda onde o primeiro ministro, depois de passar dois orçamentos de estado de emergência para conter o défice (a caminho dos 15%) vê-se agora forçado a cortar pessoal na função publica. Quando não se fazem reformas em tempo útil é assim que acontece: temos que as fazer na pior altura possível. Entre os cortes falam em 6900 professores, cortes nos subsídios de família e dos policias, aumentar o custo dos hospitais para os seus utilizadores entre outras medidas. Ou seja, a realidade está a apanhar a Irlanda uma das maiores beneficiadas do boom global providenciado por Bernanke e Trichet. E a realidade está a aparecer agora, não vai aparecer daqui a 10 anos, a divida não vai ser paga pela próxima geração… não, os erros vão ser pagos agora e já vai ser com juros de mora.
O artigo espalha também o realismo ao resto da Europa, escapando Portugal que ninguém lhe liga nenhuma mas encaixando muito bem a carapuça a esta nação: […]the deeper truth is that Britain, Spain, France, Germany, Italy, the US, and Japan are in varying states of fiscal ruin, and those tipping into demographic decline (unlike young Ireland) have an underlying cancer that is even more deadly. The West cannot support its gold-plated state structures from an aging workforce and depleted tax base.
Ou por outras palavras: o modelo social europeu é suicídio e nem aqueles com modelos menos socialistas se safam. E sobre as politicas Keynesianas de “gastar dinheiro para evitar a falência”?
Such policies have crippled Japan. A string of make-work stimulus plans - famously building bridges to nowhere in Hokkaido - has ensured that the day of reckoning will be worse, when it comes. The IMF says Japan's gross public debt will reach 240pc of GDP by 2014 - beyond the point of recovery for a nation with a contracting workforce. Sooner or later, Japan's bond market will blow up.
Presumo que seja “sooner” e não “later” e provavelmente não rebenta sozinho. Curiosamente o resto do artigo continua a repetir o slogan de que imprimir notas vai salvar a economia e de que são as “politicas monetárias apertadas” (uh?) que estão a condenar países como os EUA, Reino Unido e Irlanda. Na minha ignorância pergunto eu, porque não legalizar a contrafacção de notas? Afinal, se o BCE não quer imprimir o suficiente para sermos todos “ricos” porque não deixar outros fazerem esse trabalho? De certo está aqui a solução para a crise!
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Realismo
Etiquetas:
Bancos Centrais,
Governo
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3 comentários:
Um artigo perturbador de tão realista que é, já não são meras previsões, é agora!!
Felizmente temos um "Eng" que afirma "Está para nascer um Primeiro-ministro que tenha feito melhor no défice" assim já fico mais seguro... muuuito mais descansado.. ui ui..
Só mais uma nota, já não tem conta os artigos que leio sobre a próxima crise no Outono, inicialmente fazia todo o sentido, até os IOU's da California fazem prazo nessa altura... mas agora com tanta gente a apregoar a sua inevitabilidade já começo a achar que vai ser um Outono normalíssimo... a ver vamos.
Cumprimentos!
Caro Nuno Branco,
Presumo que saiba quem é o Ambrose Evans-Pritchard. Basicamente é um cavalheiro que cujos sonhos eróticos passam pelo fim da união europeia e do euro. Não minimizo aquilo que ele escreveu com ad hominem mas podemos sempre questionar as motivações e a isenção do artigo. Não percebo nada de Economia, mas percebo o suficiente para saber a diferença entre ciência económica e ciência política.
Depois temos isto "Ou por outras palavras: o modelo social europeu é suicídio e nem aqueles com modelos menos socialistas se safam." A questão não pode ser colocada apenas em termos financeiros. Nenhum governante vai querer trocar uma difícil situação financeira por uma difícil situação social. A Europa não é a América Latina (estou a pensar na Argentina) e não é liquido que os europeus aceitassem passivamente a deterioração do seu nível de vida. Não querendo ser um fear monger, ninguém estava à espera que no final do sec. XX em plena Europa ocorresse um genocídio como foi o caso dos Balcãs. Isto só para demonstrar que os comportamentos mais primitivos não estão para lá das nossas capacidades. Infelizmente.
Eu estava-me a referir a um suicidio financeiro e não politico. Pode-se dizer o que se quiser mas os recursos são limitados e até ao final desta crise mais pessoas se aperceberão disso do que aquelas que o sabiam no inicio.
Quanto aos sonhos eróticos do final do Euro... bom, do sonho à realidade já faltou mais.
Deixei aqui um artigo antigo chamado "Unidos por arames" onde abordo essa possibilidade.
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