Ron Paul já tem o seu livro à venda, End the FED, e está a receber alguns comentários mais críticos da imprensa financeira.
Many of Paul’s assertions ring true. Inflation amounts to taxation, he says. Correct. Central bankers are central economic planners, he asserts. Absolutely. Wall Street likes “privatized profits and socialized losses.” No surprise there. He’s right, yet draws the wrong conclusions.
[...]
Hold on, though. Wasn’t America’s Fed-less 19th-century history punctuated with recurring booms, busts and banking panics? Paul dismisses such talk.
“Most of the tales of 19th-century banking are mythical,” he says, blaming the upheavals on government meddling.
Paul’s position is that commercial banks should again be subjected to the full blast of the free market, like any other business. Central banks, in this view, make markets inefficient.
Eu confesso que não li o livro e portanto não posso confirmar que o argumento de Ron Paul é apenas esse. A ser verdade acho estranho. É verdade que durante parte do século XIX não havia um banco central formal nos EUA, no entanto, por lei continuavam a ter um monopólio legal da falsificação de notas através da emissão de notas próprias, como alias o nome histórico destes bancos indica (bancos emissores). Apesar de não estarem a funcionar em cartel coordenado por um banco central estas emissões de notas/crédito gera o ciclo de negócios exactamente da mesma forma que através de um banco central, de facto o ciclo de negócio é caracterizado pelo excesso de crédito e a sua contracção e não pela existência ou não de carteis.
O que Ron Paul defende não é portanto um retorno ao sistema bancário do século XIX mas sim algo diferente, se bem o conheço quer um padrão ouro com 100% de reserva que certamente será aqui criticado mas certamente entre essas críticas não constará nenhuma referência ao excesso de crédito que origina e esta critica do jornalista só pode ser ignorante ou maldosa. Deixo também este artigo de Antal Fekete sobre uma alternativa, para quem não gosta do sistema actual nem de reserva a 100%: Real Bills.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
End the FED
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Recordar
Os mercados accionistas, e outros como o ouro e petróleo, recuperaram bastante bem desde o fundo em Março. O SP500 que utilizo como referência já teve uma recuperação superior a 50%.
Como um aviso à navegação e ao optimismo que anda no ar talvez seja boa ideia recuperar os cenários deflacionistas de Pretcher e Fekete. Se isto for de facto um novo 1929 estamos mais ou menos no ponto em que acabou o rally pós-crash. Podemos estar a olhar para valores nestes mercados que não voltaremos a ver nos próximos anos.
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Noticia de ultima hora
Foi descoberto quanto ganha o homem da bomba no famoso tópico do Caldeirão.
Portugal: 6.00€ por hora
Espanha: 6.81€ por hora
Ver ordenado mínimo.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Para lá de reaccionário...
... sou também Insurgente, pelo menos a partir de hoje. Deixarei os meus leitores do Inflaccionista descansarem um pouco da carga política que aqui tem surgido nos ultimos dias e canalizarei essas minhas análises para O Insurgente.
No Inflaccionista poderão continuar a contar com a análise económica (nem sempre independente da política infelizmente) e com a análise dos mercados. Espero que sintam que todos ganhamos com esta nova dinâmica.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Os reaccionários
Parece que algumas pessoas ficaram incomodadas por existir uma petição que simplesmente pede para que quem pague a A21 sejam os seus utilizadores e não os contribuintes. Segundo parece é algo reaccionário não querer pagar algo que não se usa, eu sei que sim. Neste país é mais normal calarmo-nos e deixar os outros mamar e calmamente deixar chegar a nossa vez para também podermos mamar. Nesse sentido, alguém que se oponha à mama só pode ser um reaccionário sem respeito pelos bons costumes lusitanos.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Frase do dia
Na petição que estou a promover alguém com claras dificuldades da lingua portuguesa em geral e do texto da petição em concreto (talvez aluna das Novas Oportunidades) deixou este comentário:
"Apelam para virmos morar para a Ericeira, depois de ca estarmos e pagarmos ca os nossos impostos, agradecem-nos desta forma. esta certo?!!!"
Portanto, se alguém conhecer a pessoa em causa não se esqueça de enviar um postal no Natal a agradecer o facto de ter ido morar para a Ericeira, por alguma razão que não consigo alcançar (se calhar é por não ter feito as Novas Oportunidades) parece que é um grande favor que um cidadão faz ao país, e eventualmente um grande sacrificio pessoal, ir morar para a Ericeira.
Aparentemente parece que também há beneficios fiscais na Ericeira (para compensar o sacrificio de morar em terra tão desolada) que consiste no facto de se entregarmos a declaração de IRS numa repartição local ganhamos uma auto-estrada à custa do resto do país... bem bom!
TGV em ponto pequeno
Esta semana chegou-me às mãos uma nova polémica via Caldeirão: o facto de as portagens na A21 passarem de 60 cêntimos para 2.10 Euros, um aumento de cerca de 250%. Obviamente apareceram os sujeitos do costume a dizer que era um roubo, que não podia ser, que estavam a ser explorados, que as pessoas da Ericeira não podiam suportar este custo e inclusive houve quem se queixasse de ficar sem dinheiro para o tabaco com este grave aumento. A minha costela liberal ficou logo de pé atrás, estranhei em primeiro lugar que a portagem fosse tão barata anteriormente e ontem durante o dia dei por mim a saber mais sobre a A21 do que aquilo que uma pessoa saudável, sem nenhum interesse nessa via, deveria saber.
As coisas que aprendi:
- Existe uma alternativa à A21 gratuita que se chama N116. Ouvirão dos senhores que usam a A21 que esta alternativa não é viável por uma série de razões, basicamente todas elas se poderiam aplicar à marginal de Cascais ou à N1 alternativas gratuitas, para quem não sabe, à A5 e A1 que são pagas. Portanto uma vez que estas duas são pagas havendo alternativa não há razão para a A21 ser subsidiada.
- Existe uma carreira (transportes públicos) Ericeira-Lisboa que de segunda a sexta tem da parte da manhã saídas de 20 em 20 minutos para que quem queira continuar a fumar o possa fazer mesmo com aumento das portagens.
E isto é só para dar uma ideia de porque é que a portagem deve ser paga. Depois chegamos à questão do preço, para termos a ideia de se há ou não”justiça” nos valores pedidos. Munido com o site da ViaVerde para saber o valor das portagens e com um documento da Brisa para saber o número de Km em cada lanço da auto-estrada (e com o Marco António a fazer contas) pude chegar honestamente à conclusão que, com portagens de 2,10€ para aquele troço da A21 esta se torna numa das auto-estradas mais caras do país a nível do preço por Km. Chego também à conclusão que se mantivesse o preço de 0.60€ esta auto-estrada seria anormalmente barata, custando praticamente 1/3 do que custam a maioria das auto-estradas portuguesas. O valor “justo” (comparando com outras auto-estradas) seria sempre algo a entre os 1,50 e os 2,00 euros.
Tentei descobrir mais ainda sobre este caso, nomeadamente o que causou este aumento abrupto em época nada propicia a isso como são tanto as eleições legislativas como as autárquicas onde deixo aqui este link para a noticia do Destak onde é referido que a auto-estrada actualmente incorre em prejuízos diários estimados em 30 mil euros. Mais, o aumento verificado para 2,10€ não chega para estancar esta hemorragia financeira:
Em 2008, a Câmara de Mafra propôs à Estradas de Portugal a venda da auto-estrada A21-Malveira/Mafra/Ericeira, construída pela autarquia, por 270 milhões de euros, por estar a ter prejuízos diários calculados em 30 mil euros com a gestão e manutenção da via.
A Câmara de Mafra tem vindo a assegurar a gestão e manutenção da auto-estrada, assumindo por dia um prejuízo de cerca de 30 mil euros, que será agora minimizado com o aumento das portagens.
O que se passa então na A21? Como é que uma das auto-estradas mais caras de Portugal não consegue cobrar as despesas em que incorre? Como é que uma auto-estrada daquele tamanho custa 30 mil euros por dia a manter? O PCP explica:
Em 2006 e em 2007, as receitas da MAFRATLANTICO, cujo presidente é o Sr. Ministro, foram apenas de 4,6 milhões de euros, enquanto só os juros, referentes aqueles dois anos, do empréstimo que esta empresa municipal contraiu junto à banca atingiu 17,1 milhões de euros., ou seja, só os juros foram 3,7 superiores à totalidade das receitas.
O custo de construir esta auto-estrada, a primeira em Portugal construída por uma câmara municipal porque, segundo o presidente, “não podia esperar pelo poder central”, nem pelos privados, foi de 270 milhões de euros. Como a câmara não tinha este dinheiro o presidente não foi de modas e endividou o município até às pontas do cabelo e colocou a portagem a um valor estupidamente baixo que gerou um buraco superior a 10 milhões de euros por ano. Deixar esta portagem nestes valores durante todo este tempo foi uma estupidez só comparada ao acto de se endividarem daquela forma para construir esta coisa. A estarem correctos os números em cima pode-se concluir que nem um aumento da portagem para 2,20€ chegaria (os 60 cêntimos a multiplicar por 3,7, supondo que as receitas da AE são todas de portagens o que duvido) para cobrir as despesas da dívida contraída uma vez que é expectável que com esse preço baixe o tráfego na via fazendo com que a questão não seja de resolução linear.
Confrontado com este futuro financeiro ruinoso, a câmara de Mafra prepara-se agora para largar a A21 no colo da EP (Estradas de Portugal) financiada obviamente pelos impostos de todos, aqueles todos que pagam à administração central pela qual o presidente de Mafra não podia esperar para hipotecar a vida dos seus cidadãos.
Porque razão devemos nós, os que não votaram naquele senhor para fazer esta asneira e os que não tiram qualquer beneficio daquela Auto-Estrada financiar este projecto? A resposta é, obviamente, que não só não temos nenhuma obrigação moral de pagar por isto como temos um dever cívico de nos impor-mos a esta tentativa de passar os custos para a população em geral quando apenas uma pequena parte é beneficiada, razão pela qual sou o primeiro subscritor desta petição. Será que os utentes desta auto-estrada que tanto protestam pelos preços das portagens também querem que o resto do país lhes pague os juros das casas que compraram?
Que soluções então para a A21?
1) Os utentes terão que pagar a megalomania da Câmara de Mafra (com uma portagem superior a 2.20€)
2) A MAFRATLANTICO terá que ir à falência e os credores venderão a auto-estrada (ou os terrenos sem auto-estrada, o que valer mais) a quem pagar mais. Se aceitarem 80 ou 90 centimos por euro talvez saiam disto com alguma dignidade (e dinheiro).
3) Nacionalizamos a A21 e os credores que se lixem, afinal são lixo capitalista e as pessoas têm direito ao seu dinheiro e ao seu trabalho, ou à A21 de borla que é a mesma coisa.
4) Mandar os outros que nada têm a ver com esta salganhada pagar a conta.
Se as opções 3 e 4 lhe parecem uma aberração fico feliz de não estar sozinho e convido-o a assinar também esta petição. Estude bem este caso pois daqui a uns anos estaremos a falar nos mesmos termos sobre o TGV ou o novo aeroporto de Alcochete – o modelo de financiamento é exactamente o mesmo: endividamo-nos agora e depois alguém há-de pagar. Isto é o que acontece quando o “alguém” vai de férias.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
O programa de governo que devia ir a votos (2)
Descobri hoje que tenho, pelo menos, um querido leitor que gosta de heavy metal e que amavelmente partilhou o meu "programa de governo" com alguns colegas que foram criticos (surpresa, não estava nada à espera) de alguns pontos e que surgiram com estas questões:
1) "O imposto do tabaco faz falta porque danifica muito a saúde"
Mais uma vez, porque algumas pessoas têm dificuldade em ler, o exercicio que fiz é meramente contabilistico. Terminar com aqueles 4 ministérios (que são dos mais baratuxos que há) permitiria reduzir o IRS cobrado em 24% ou o IVA em 3% (isto nem é bem assim, a forma como é calculado o IVA permitiria um corte ainda maior mas estou a simplificar), acabar totalmente com o ISP (são menos 33 centimos por litro de gasóleo na bomba) ou, como eu disse, com o IT e o ISV.
Não podem escolher tudo, mas apenas uma das hipóteses. Quanto ao tabaco eu sei que a desculpa por detrás do imposto é os custos de saude acrescidos mas este importo é uma forma muito má de conseguir o efeito desejado. Então num sistema privado de saúde em que cada um tivesse o seu seguro não é lógico que um fumador vai pagar um prémio maior (tem mais probabilidades de ter problemas)? Se assim for, então poderemos concluir que se fizessemos uma coisa dessas o IT podia ser abolido (que é que fazemos agora com um tipo que ande sempre de viagem e compre o seu tabaco sempre no estrangeiro e depois adoece em Portugal?)
Ou seja, sim, posso concordar que enquanto o serviço de saude for publico o IT faça falta. Acho que é uma forma ineficiente de ir buscar os recursos e há formas melhores, mas se não achasse votaria PS ou PSD para poder ficar na mesma não é?
Penso que esta leitura que faço é generalizada, na sondagem ao lado ainda ninguém votou a favor da abolição do IT de entre as 4 probabilidades que este programa permitiria.
2) "Esse Nuno é um atrasado mental porque não dá valor à cultura"
Cada um lê o que quer, em lado nenhum eu disse que não dava valor à cultura, pelo contrário não só dou como pago por ela. Imaginemos que vêm os Metallica a Portugal dar um concerto, independentemente dos gostos de cada um se entendemos que musica é cultura então Metallica é cultura. Quem quer ir ver Metallica paga um bilhete, quem não quer ver não paga... somos todos felizes da vida.
Eu penso que ninguém critica o cenário em cima, é o mercado a funcionar (no sentido em que se os Metallica não venderem bilhetes não voltam cá e se os esgotarem da próxima vez que vierem usam um recinto maior). Agora vem a filarmónica das Caldas (sem ofensa à dita, se é que existe) tocar a Lisboa, tentam vender os bilhetes e não conseguem e o ministério da cultura tem muita pena deles e toca a cobrar impostos para ajudar a filarmónica das Caldas.
Eu não digo que a filarmónica não seja cultura, digo apenas que é cultura que ninguém quis ver em Lisboa (pois se quisessem os bilhetes teriam vendido e não precisavam de subsidio). Ora se ninguém os quer ver porque é que o ministério os subsidia para virem a um local onde ninguém os quer ver (ou existe um número pequeno de pessoas que não estão dispostas a pagar o vencimento e os custos de deslocação dos artistas)?
Porque é que é justo apoiar a filarmónica das Caldas e não os Metallica? Se disserem que é por os outros trabalharem maioritariamente fora de Portugal então a pergunta pode ser porque é que o Felipe la Féria tem de vender bilhetes enquanto outros podem viver de subsidios?
Porque é que alguns actores têm que fazer novelas de que não gostam para comer enquanto outros ficam em salas de teatro vazias a receber subsidios evitando trabalhos de que gostam menos?
É que subsidiar a cultura é isto amigos. E é precisamente o respeito que tenho pela cultura que me faz querer acabar com tal ministério e deixá-la nas mãos de quem percebe muito mais de cultura e arte do que eu: os artistas.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Sondagem Inflaccionista
No espiritio do post anterior peço que os leitores votem na nova sondagem Inflaccionista e opinem sobre o programa de governo.
Resultados da sondagem anterior:
O pior da crise já passou?
Claro: 20%
Nem Pensar: 66%
Estou um pouco confuso: 13%
O programa de governo que devia ir a votos
Já aqui tinha deixado uma análise crítica ao programa de governo do PSD. Hoje, em conversa com um colega surgiu o repto de tentar fazer algo melhor e pensei porque não? Afinal de contas fazer pior que os partidos de poder seria difícil se é que não seria mesmo impossível e parto com duas vantagens importantes:
1)Não vou a votos, portanto nada tenho a perder. Não estou aqui para agradar mas sim para ajudar a visualizar um novo, e melhor, rumo para todos. O pior que me pode acontecer é levarem-me a sério e colocarem em prática estas medidas... o que era bom.
2)Eu compreendo que os recursos são limitados e não caiem do céu, ao contrário, infelizmente, da nossa classe politica.
O exercício acaba por ser mais uma manobra de números apresentados no ultimo orçamento de Estado. Pretendo não dar mais mama aos portugueses mas sim mostrar o que se pode ganhar retirando funções e poderes ao Estado. Pode ser um exercício supérfluo mas espero que gostem. Por onde começar?
Para quem não sabe o Governo Português é constituido por 15 ministérios. Comecei por reduzi-los a 11 poupando cerca de 2200 milhões de euros. O que vos dou, meu povo, em troca? É à escolha do freguês até posso colocar várias opções a referendo (ao contrário do pseudo-engenheiro eu faço mesmo referendos) para ver se em Portugal se consegue instaurar uma democracia directa dando mais poder e responsabilidade aos cidadãos e removendo ao Estado (eu sei que é um conceito retrógrado mas que fazer? Aqueles bárbaros da Suíça pegam-me estas ideias). Das várias opções deixo-vos escolher o seguinte:
1)Baixar o IVA para 16%
2)Acabar com o ISP (a ver se deixam de chatear a GALP que já não vos posso ouvir)
3)Acabar com o imposto sobre o tabaco e sobre os veículos (IT e ISV)
4)Devolver 24% do IRS cobrado
Parecem-vos propostas interessantes? Querem aqui o Nuneco para primeiro ministro? Estão cheios de medo que eu vá cortar na saúde e nas pensões dos velhinhos? Eu sei que estão mas os sacrificios que eu vos vou pedir são outros... eis os ministérios que eu vou extinguir.
1)Ministério da Cultura (158 milhões)
Os impostos não financiarão projectos culturais. Em vez disso terei uma reunião com os “artistas” da nossa praça onde explicarei minuciosamente uma nova forma de financiamento que eles poderão usar livres de qualquer interferência do Estado. Dei-lhe o nome original de “cobrar bilhete” nomeadamente a pensar no pessoal da dança, do teatro e do cinema mas que alguns poderão apelidar de “vender o material” se por exemplo estivermos a falar de pintores, escultores ou escritores.
Quem gosta de arte paga, quem não gosta escusa da financiar por meio de impostos.
2)Presidência do Concelho de ministros (208 milhões)
Visto que serei eu o primeiro ministro eleito caberá a mim o esforço de viver sem este órgão vital da democracia portuguesa que consiste em arranjar-me assessores. Eu sei que isto vai fragilizar a minha base de apoio político mas espero convencer-vos com a devolução do IRS.
3)Ministério da Economia e Inovação (150 milhões)
Nem tanto pelo valor, é mais uma questão de principio. Desta forma é enviada uma mensagem clara ao mercado de que o Estado não tem nenhum interesse na economia e que a inovação é algo que está a cargo deles (na verdade o Estado não inova em nada, isto são meros subsidios para os “pet projects” do primeiro ministro que todos temos que financiar). Oficializo a separação entre o Estado e a Economia e ainda poupo 150 milhões de euros aos portugueses... bom negócio.
4)Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (1736 milhões)
E agora sim consigo ouvir os vossos uivos assim que leram “Ensino Superior”. Primeiro que tudo todo o ensino deve ser privatizado, só assim podemos garantir a independência das escolas e que os currículos leccionados são algo que acrescentam valor ao aluno e não mera doutrina que é empinada de acordo com as linhas orientadores de qualquer ministério. Mas eu sei que isto é difícil de engolir e como temos que começar por algum lado penso que é melhor neste caso começar pelo topo – o ensino superior.
O que se perde? Educação superior financiada por todos. Acabam as Universidades? Não ,apenas terão de ser financiadas pelos alunos ou por quem tenha interesse na sua educação. “Ah e tal mas a educação tem de ser gratuita para todos!” dizem vocês. E porquê? Portugal todos os anos forma milhares de licenciados que não encontram emprego. De todos os alunos que vão para o ensino superior, metade não termina os seus cursos. Da metade que consegue terminar há outra metade que fica desempregada. Ou, por outras palavras, por cada euro gasto no Ensino superior aproveitam-se 25 cêntimos.
Se um aluno interessado em tirar um curso de Belas Artes (que como todos sabemos tem uma grande probabilidade de aplicar os seus conhecimentos no mercado de trabalho) tiver que pagar integralmente pelo seu custo será que o tira? Alguns sim, outros não. Os que não tiram entrarão no mercado de trabalho e comercializarão as suas capacidades sem gastar dinheiro aos contribuintes enquanto que aqueles que optarem por tirar o curso encontrarão mais probabilidades de emprego (menos concorrentes) e não custarão nada ao povo português.
Mas eu continuo a ouvir gritos dos meus leitores “Ah mas o país precisa de trabalhadores formados em XPTO senão não avança!”. A ser verdade quer dizer que estes trabalhadores estarão a ser pagos acima da média. Ora num caso destes faz todo o sentido para o estudante pedir um empréstimo que pague as propinas para mais tarde, quando trabalhar nesse sector bem remunerado, pagar o empréstimo e ter um bom nível de vida. Repare-se que o principal beneficiado de tirar este curso é o aluno. Porque devem os outros financiar um beneficio que não é seu?
Ainda há ali mais uma voz no canto da sala que pergunta “Então e alguém que queira tirar o curso por uma questão de cultura geral ou de realização pessoal?”. Mais uma vez está no direito de tirar o curso desde que o pague, se não tiver recursos então terá que primeiro trabalhar por eles para mais tarde os aplicar na sua formação. Porque devem os outros portugueses trabalhar para a “realização pessoal” de alguns, se calhar, à custa da sua própria realização pessoal? O que é que faria com aqueles 24% extra do IRS? Umas férias? Uma entrada para um carro ou uma casa? Algo que satisfizesse a sua “realização pessoal”? Porque é que aqueles que trabalham para a sua realização pessoal devem ser sacrificados para os que não o fizeram? Só porque alguém decidiu não tirar um curso superior é menos digno da felicidade?
E é este o programa para o primeiro ano de governo. Se houver interesse publicarei a seu tempo o programa para o segundo ano.
PS: Do lado esquerdo está uma sondagem para opinar sobre este "programa".
É liberal?
Descubra, faça este pequeno teste.
Aqui o vosso estimado autor é 90% liberal. Qual foi a pergunta sobre a qual eu discordei com os autores do teste?
"It is wrong for democratic nations to overthrow foreign dictators?". Eu disse que não, que não achava errado. Por outro lado não acho que seja uma obrigação moral os países "livres" libertarem os menos livres mas também não acho que possam ser condenados por o fazerem.
E não, não estou a fazer paralelos com o Iraque nem acho que tenha sido uma boa ideia invadir tal nação.
Pensamento do dia
Hoje fizeram-me relembrar um texto de Ayn Rand sobre a revolta estudantil em Berkeley. O original, que é leitura interessante, pode ser encontrado no livro Capitalism: The Unknown Ideal e dá pelo nome de "The Cashing-In: The Student Rebellion".
Fica um pequeno excerto para refletir.
As a cultural-intellectual power and a moral ideal, collectivism died in World War II. If we are still rolling in its direction, it is only by the inertia of a void and the momentum of disintegration. A social movement that began with the ponderous, brain-cracking, dialectical constructs of Hegel and Marx, and ends up with a horde of morally unwashed children stamping their foot and shrieking: “I want it now!”—is through.
Novamente nos 1000
O ouro chegou hoje novamente aos 1000 dolares americanos por onça. Qualquer que seja o caminho que o metal amarelo leva a partir daqui (uma zona delicada) não pode ser negado o papel que teve até agora durante toda a crise financeira como "seguro", enquanto, desde Setembro de 2007, a maior parte dos activos estão em queda o ouro mantém-se acima desse nível.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Diz que disse
Sócrates acusou este fim de semana Manuela Ferreira Leite de ser a mais "neo-liberal" de sempre à frente do PSD. Antes fosse verdade, talvez valesse a pena ir votar mas tendo em conta a realidade das duas uma: ou o PSd é socialista (como o nome indica) ou MFL tem uma agenda secreta para comer empresas publicas ao pequeno almoço.
Qual das duas é mais provável?
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Ordenado minimo
O Caldeirão de Bolsa anda com uma discussão de rir à gargalhada despegada nos ultimos dois dias. Tudo começou quando alguém sugeriu que o problema de Portugal se resolvia com um decreto-lei que colocasse o ordenado mínimo a 1000 euros.
Para quem não conhece os argumentos contra o ordenado minimo aconselho a ler a (longa mas divertida) discussão onde apresento alguns argumentos que infelizmente não atingiram uma audiência racional, enfim, o pior cego é aquele que não quer ver.
Durante a discussão cheguei no entanto a um conjunto de países, com backgrounds diferentes, que não têm qualquer lei de ordenado mínimo e era isso que queria partilhar aqui com os leitores do Inflaccionista, entre parenteses estão as respectivas taxas de desemprego. Mais de metade destes países têm uma taxa de desemprego que se pode considerar residual, da outra metade todos têm uma taxa de desemprego inferior à portuguesa com a excepão dos EAU... até a Islândia onde são bem conhecidas as dificuldades recentes.
Austria (4.3)
Dinamarca (3.7)
Egipto (8.7)
Finlandia (8.5)
Alemanha (8.3)
Islandia (9.1)
Italia (7.4)
Liechenstein (1.5)
Malasia (3.5)
Noruega (3.1)
Singapura (3.3)
Suiça (3.6)
Emirados Arabes Unidos (12.7)
Quer sejam contra ou a favor do ordenado minimo, ou até que nunca tenham formulado uma opinião sobre o assunto acho que é uma bom tema de reflexão.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Quanto mais devo mais rico sou
Não deve demorar muito para os governantes portugueses replicarem este mantra do congressista Pete Stark: Quanto mais devemos mais ricos somos.
Quando confrontado com uma pergunta simples como: "Porque é que em vez de pedir emprestado 1 bilião não pede logo um trilião para ser mais rico?" em vez de explicar a sua teoria o congressista ameaça atirar o reporter pela janela.
Como se pode ver pela imagem a gravação já é antiga mas a mentalidade é moderna.