Ler Ayn Rand é algo que nunca tinha experimentado. É algo novo que não consigo descrever concretamente, é um sentimento de descoberta como se sempre tivessemos sabido que algo de errado estava a acontecer no mundo mas so agora descobrimos concretamente o quê. É um sentimento de tristeza ao vermos o que realmente nos rodeia.
Quando tentei descrever este sentimento a um amigo lembrei-me de uma analogia muito simples com o filme Matrix. É como quando Morpheus nos dá a escolher entre o comprimido vermelho e o azul. Nós, claro, escolhemos o vermelho porque queremos saber tudo e mais alguma coisa e depois passamos a vida a torturar-nos "porque é que não escolhi o azul" ao percebermos as consequências de tudo o que vemos de novo no mundo... "ignorância é felicidade".
Vemos nas nossas empresas o triunfo da mediocricidade sobre a pró-actividade e o empreendorismo. Vemos no estado não uma entidade abstracta que nos (des)governa mas sim realmente os desejos mais intimos das pessoas. Têm vergonha de o admitir em publico mas na verdade todos querem algo em troca de nada. Ainda hoje me disseram "não protesto contra a Via do Infante porque uso muito a ligação à Covilhã", ou seja, não me importo que um alentejano seja expropriado para pagar uma auto-estrada que não uso porque sei que ele vai ser roubado novamente para pagar uma que vou usar.
E depois falam-me da moralidade. Como é moral tributar os cidadãos porque "o país não funciona sem transportes publicos". Como é imoral não querer pagar impostos para contribuir para "o bem comum" ... esse bem abstracto que consiste em atribuir subsidios "a quem mais precisa".
O desvirtuamento completo na nossa Assembleia da Republica da história de Robin dos Bosques em que o nosso primeiro ministro nos lembra que ele "roubava aos ricos para dar aos pobres". O povo adora, é isso que queremos... queremos o dinheiro dos ricos porque é necessário ao "bem comum". Como a comunicação social aplaude... sentir que sou a unica pessoa neste país indignada por uma história cheia de justiça ser roubada por um politico e adulterada para efeitos eleitorais. Já ninguém se lembra mas o verdadeiro Robin dos Bosques roubava os ladrões, o Xerife de Nothingham que era na verdade um ladrão (não era um rico qualquer) e que impunha decretos para roubar o produto do trabalho do seu povo. Robin dos Bosques roubava a um ladrão não para dar aos pobres mas para devolver a riqueza aos produtores da sociedade. Já o disse e volto a dizer, se Robin dos Bosques fosse escrito hoje, João Pequeno seria descrito como um parasita da sociedade que se recusava a pagar impostos para o bem comum.
Vemos ilusões vendidas pelos bancos, patrocinadas pelo Governo e empolgadas pelos media. Mas não faz mal porque é uma ilusão que as massas querem comprar. Vende-se a ilusão de que qualquer um pode ter uma casa, não interessa os rendimentos.
Anuncia-se a manipulação das taxas de juro a 2% para nos endividarmos de forma barata e quando corre mal colocamos os banqueiros nacionais na televisão a explicarem-nos que a divida não faz mal porque a divida é "Uma poupança futura" (Fernando Ulrich em Grande Entrevista).
Vemos o aumento dos subidios e abonos porque é isso que no fundo queremos... algo por nada. Vemos a descapitalização das empresas e o aumento do desemprego mas não faz mal porque é isso que queríamos, um bom subsidio para não produzir. Vemos o dinheiro a ser criado a partir do nada para pagar todos estes subsidios, vemos a inflação ameaçar todas as nossas poupanças e as reformas próprias de quem depende de um rendimento fixo e de quem poupou o pouco que tinha durante toda a sua vida. Mas não faz mal porque há mais notas para toda a gente... o povo gosta e o povo merece. Ninguém percebe que não é um pedaço de papel emitido por qualquer banco que cria riqueza mas apenas o produto do trabalho... e emitem-se mais bocadinhos de papel porque é isso que queremos: papel... algo em troca de nada.
Vemos a ignorância e a mediocricidade a triunfar um pouco por todo o lado... vemos que os poucos que produzem acabam por ser nivelados por baixo, reduzidos à incompetência daqueles que os rodeiam. Vemos tudo isto e achamos tudo normal, vemos a riqueza evaporar e perguntamo-nos porque tudo está mais caro, porque é os pequenos papeis que nos deram em troca da nossa preguiça compram tão pouco? E a culpa é atribuida imediatamente à ganância dos poucos que ainda produzem.
Eu só não vejo é a razão de porquê ainda haver alguém que produza... para quê? Para quê continuar a ser tributado quando podemos ter um subsidio isento de IRS? Para quê produzir se o estado me vai dar o produto do trabalho dos outros? Para quê investir se o que ganhar vai ser diluido pela criação de papel pelos bancos centrais? Para quê lutar contra a mediocridade?
Para quê a revolta?
Hoje... a revolta é apenas para me sentir vivo! Para alguém que esteja do outro lado do mundo e se identifique com estas palavras não sinta que está sozinho. Para alguém saber que ainda há pessoas com um código moral que condena a mentira e o roubo.
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Revolta!
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