segunda-feira, 29 de junho de 2009

Análise ao ouro

Todos sabem que nesta casa se gosta de ouro, que se recomenda vivamente contra as asneiras dos bancos centrais à volta do mundo e que é sempre um seguro, fácil de transportar, contra coisas muito erradas no nosso sistema monetário. Também sabem que não sou fã do EUR e que considero que existe uma probabilidade considerável desta moeda não chegar a fazer 15 anos (fez 10 no inicio de 2009) mas apesar de tudo gosto de olhar para os mercados sempre com olhos frescos e pronto a desafiar as minhas próprias crenças.



Em cima está o gráfico de ouro que detalha o movimento do preço nos ultimos dois anos. Desenhei duas linhas horizontais que representam suporte (a vermelho) e resistência (a preto) dos pontos chave deste mercado. Estando agora num momento de indefinição os cenários possíveis serão:
1) Fecho consistente acima dos $1000 que significaria uma grande probabilidade de o ouro voar até aos $1000-1200.
2) Fecho consistente abaixo de $860 que implicaria, no mínimo, uma nova visita à casa dos $600.

Neste momento dou maior probabilidade a uma descida acentuada no preço, em USD, do ouro por várias razões mas não será de ignorar as noticias de massificação do ouro e exacerbado optimismo com previsão do ouro a $5000 e até valores mais altos. Este ano na superbowl houve até um anuncio da Cash4Gold e também em Portugal a OuroInvest está agressivamente a expandir o seu franchising.

Para quem segue a teoria de Elliott verá a LTA (Linha de Tendência Ascendente) que desenhei desde os minimos do ano passado foi testada, desta vez pela parte de baixo, numa nova tentativa de ida aos $1000 falhada, um comportamento bastante normal quando se dá uma inversão de tendência.

Ora eu acho que no longo prazo o mercado de capitais e a economia tendem para o mesmo lado, mas num prazo mais intermédio o mercado é apenas o registo das variantes de humor dos seus intervenientes (e como estudante das ondas de Elliott teria muito para dizer sobre as extrapolações sociais destas ondas) e quando se chega ao pico do optimismo que normalmente é evidenciado por todos estes anuncios à volta do ouro (como em 2000 havia anuncios para ensinar cozinheiros a serem daytraders em pouco tempo) é normalmente sinal de um topo.

Cada vez mais os cenários traçados por Pretcher e Fekete têm maior influência sobre o meu pensamento relativo a esta crise. Acho que devem vender o vosso ouro? Não (a não ser que precisem mesmo). Acho que o ouro vai descer? Sim, mas também acho que vai continuar a ser o melhor asset de investimento excluindo talvez cash (se conseguirmos advinhar que moedas existentes hoje conseguirão sobreviver à crise - e a resposta pode ser mais dificil do que aparenta).

A melhor forma de negociar isto e com mais potencial de acerto e segurança? Comprar ouro e shortar acções, ouro ainda é dinheiro para muitos e num ambiente deflacionário poderá cair como os outros... mas menos, e poderemos então ganhar no spread entre os dois activos.

Disclaimer: Negociar futuros pode envolver perdas substanciais de capital, por vezes perdas superiores ao capital inicial. Esta mensagem tem apenas um fim educacional e não deve ser confundida com um conselho de investimento, o autor não se responsabiliza por qualquer tipo de perdas associadas com o conteúdo desta mensagem.

P.S.: Ainda não descartei o cenário de novos máximos em 2009 para os principais índices accionistas.

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sexta-feira, 26 de junho de 2009

Frase do dia

Olhe-se, por exemplo, para o exame de Português do 12º ano, realizado na passada segunda-feira: os alunos radiantes com a facilidade obscena do teste. Todos, não é verdade: os bons alunos, os que estudaram, os que se prepararam lendo Camões, Pessoa, Saramago, os que aprenderam a ler, a escrever, a interpretar um texto, esses sentiram-se roubados e com toda a razão. Para efeitos de estatística e propaganda política, o Ministério da Educação serviu-lhes uma prova de exame que os nivelou com todos os medíocres. O exemplo que vem de cima.

Miguel Sousa Tavares, in Expresso.

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Dinheiro honesto no México

Hoje partilho convosco o site do Sr. Hugo Salinas Price que tem um projecto bastante interessante. O Sr. Price tem nos últimos anos travado uma batalha no México para reintroduzir a prata no sistema monetário desse país que é aliás um dos maiores produtores mundiais de prata. Como não será de estranhar o banco central mexicano não gosta da ideia e tem feito o possível para que esta lei não passe mas segundo o autor da proposta o apoio, popular e político, para o retorno da prata ao sistema monetário do México está a aumentar e Price julga já ter um apoio considerável no Senado, infelizmente a câmara baixa não partilha do entusiasmo.

Segundo a ultima circular que enviou o projecto de lei está agora morto pelo menos até Setembro quando haverá uma nova legislatura:
Dear friends,

Just to let you know that my high hopes for monetization of the silver ounce have been dashed due to various factors in conflict in the Lower House. The Left is angry with TV Azteca, and the Silver Bill was perceived as being actually a TV Azteca legislative project. So, thumbs down!

I am going to stand-by till September, when a new and perhaps more amenable Legislature is installed after elections coming up soon.

We have good support in the Senate, which will wait till September for further possible collaboration with the Lower House "Diputados Federales".

Sorry for the bad news, but that's the way it is. Who knows what further disasters we may see in the world financial stage, from here to September?

With best regards,
Hugo


Algo que vale a pena continuar a acompanhar.

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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Mais uma dose

Pequenina que é para não assustar ninguém. O BCE injectou hoje 440 mil milhões de euros no sistema bancário da zona euro. Sei que sou chato, mas se a recuperação estava aí ao virar da esquina era mesmo necessário? Ou dizemos uma coisa ao povinho enquanto pela calada enchemos os do costume?

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Um ás na manga!

Hoje queria falar-vos de um novo projecto que nasceu do qual aqui o vosso querido blogger faz parte com muito orgulho: ACE – Associação para a Cidadania Económica e Educacional. Este projecto que partilho com o Miguel Camelo nasceu como um projecto escolar para os alunos do 9º ano que, no nosso ver, carecem de uma base de formação na área económica. O Miguel que anda dedicado à formação com jovens desta idade já faz algum tempo quando viu a minha breve história sobre o dinheiro achou que seria uma boa ideia juntarmos forças e melhorarmos os programas que ele ensinava aos alunos. A resposta tem sido bastante positiva até ao momento tanto da parte dos alunos como dos professores e foram estes últimos que nos impulsionaram a fazer um programa para adultos leve mas prático, com ideias concretas para nos protegermos desta crise que, acredito, ainda está longe do fundo.

Assim deixo aqui o convite a todos os leitores para que apareçam no site do novo projecto, opinem e inscrevam-se na nossa newsletter ou quem sabe em alguma acção de formação que fique perto de vocês. Sugestões e comentários serão, como sempre, muito bem vindos.

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terça-feira, 23 de junho de 2009

Hambre...

Fui surpreendido esta manhã com a crónica de Fernando Alves na TSF “Save the Children” onde nos remete para uma reportagem do jornal espanhol La Vanguardia sobre o trabalho infantil no Peru e o tratamento que as crianças que necessitam de trabalhar para comer têm não só do seu governo local que chega a encarcerá-las em albergues como também da pressão das organizações internacionais que Victor Bryan diz serem cegas às realidade locais e que querem impor um estilo de vida ocidental onde ele não é fisicamente possível.

Si le preguntas si fue víctima de explotación infantil, Victor Bryan contesta enojado: "Los países del norte no conocen la realidad que allá vivimos [...] Un niño puede trabajar si tiene tiempo para estudiar y recrearse si no lo hiciera, moriría de hambre”.

“Hambre” é mesmo fome e quando lhe perguntam qual é a sua maior preocupação responde simplesmente que é não o deixarem ganhar o seu sustento e pede que o deixem em paz:

Que las organizaciones internacionales no propongan leyes para los países latinos. Ahora se va a modificar el código de los niños trabajadores y los especialistas se basan en las leyes internacionales sin profundizar en la realidad de los distintos países.

Não pude depois de ouvir e ler isto de deixar de pensar num artigo de Robert Hessen The effects of the industrial revolution on women and children. Onde o autor tenta desmontar a ideia de que de alguma forma o trabalho infantil é culpa do capitalismo. Lendo apenas os primeiros parágrafos podemos se calhar chegar a outra conclusão:

In 1750 England's population was six million; it was nine million in 1800 and twelve million in 182, a rate of increase without precedent in any era […] the proportion of those born in London dying before five years of age fell from 74,5% in 1730-49 to 31,8% in 1810-29. Children who hitherto would have died in infancy now had a chance for survival.

Quem condena a acumulação de capital e o empreendedorismo por aquele tipo de trabalho infantil nas primeiras fábricas é gente que tem uma visão idílica da sociedade da altura, onde para eles as crianças passeavam alegremente pelos campos, deitadas nos pastos verdes a admirar o sol e a correr felizes entre os campos dourados de trigo até ao dia em que surgiram as fábricas. A realidade é obviamente diferente e mais sombria: antes de terem emprego nas fábricas estas crianças morriam à fome.

É exactamente esta visão que têm os que nunca tendo posto os pés no Peru acham que havendo um tratado internacional banindo o trabalho infantil estas crianças irão alegremente para as suas escolas estudar e brincar ao peão nas horas vagas quando na verdade apenas as condenam à morte.

O caminho para acabar com estes casos é o mesmo que seguiu a Europa: deixar as pessoas em paz, deixa-los trabalhar e através da tecnologia e aumento da produtividade foi finalmente possível para os pais sustentarem os seus filhos sem ser necessário que estes ultimos trabalhassem. Mas no Ocidente muito poucos compreendem que os recursos não são infinitos (habituados a consumir este mundo e o outro, muitas vezes sem capacidade para tal) e ficam escandalizados em saber que no Peru ainda se passam estas coisas (nos anos 80 o Peru mergulhou num Estado Comunista / Socialista com intenções de igualar os rendimentos e as condições sociais de todos os cidadãos, o programa político teve sucesso quando todos os cidadãos ficaram igualmente na miséria e na fome. As reformas mais liberais que acontecerem desde 1993 até hoje apenas conseguiram, segundo a Wikipedia, que o nível de riqueza voltasse ao que era antes do Comunismo chegar ao poder – o Peru perdeu 25 anos de progresso) e sentem-se incomodadas mas é uma realidade do nosso mundo que a comida não cai do céu, não interessa o quanto o desejemos.

Vale a pena pensar sobre isto.

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segunda-feira, 22 de junho de 2009

Frase do dia

"To follow the good counsel of stopping [the inflation machine] would mean... that in a very short time the entire public, factories, mines, railways and post office, national and local government, in short, all national and economic life would be stopped."

Karl Helferich, Presidente do Banco Central Alemão - 1923.

E todos sabemos como acabou a crise inflacionária na Alemanha.

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sexta-feira, 19 de junho de 2009

BMW desafia monopólio do Estado

Quem trabalha na BMW ontem teve uma surpresa a chegar ao seu carro. Se a viatura do empregado por acaso era da concorrência tinha no seu para-brisas um panfleto que aconselhava o empregado a trocar de carro por um novo BMW. É dicil explicar isto com uma cara séria de forma que fica apenas esta frase da dita "publicidade":

“What’s wrong here? You like working with us. You appreciate your job and income. But you drive a vehicle from a competitor,”

Parece que além do Estado se querer meter na economia a todo o custo, também agora as empresas querem fazer parte do Estado e nos seus poderes de coerção. Poderia escrever muita coisa sobre isto, mas talvez este cartoon explique melhor que qualquer dissertação.

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Pergunta indiscreta

Estes quatro homens reuniram-se esta semana na Russia para falar da crise económica e, obviamente, no dolar americano.



Perguntas indiscretas: Porque não convidaram Obama? Já que os principais media ignoraram esta reunião será que ela tem alguma importância?

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Frase do dia

These regulators from the Obama administration are the ones that destroyed the regulation in place since the Great Depression to prevent the banks to act in this speculative way.

Entrevista completa a Gerald Celente sobre a regulação proposta esta semana pela administração Obama.



The prime entity behind the crisis is the Federal Reserve System [...] they are the ones who created this bubbles.

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terça-feira, 16 de junho de 2009

A destruição do capitalismo

Nem a propósito acaba Ayn Rand de ser mencionada num dos comentários do Inflaccionista e dou de caras com este artigo fresquinho do Mises Intitute: The destruction of Capitalism. Foi escrito por Art Carden mas nota-se muito bem a inspiração Randyana.

The change is slow, incremental, and difficult to notice, but we can trace some of the increasing divisions in the world to state action that pit brother against brother and friend against friend. Increasing global integration occurs in spite of state efforts to divide us. Rhetoric about "working together" and understanding our common responsibilities to one another is superficially appealing, but it is fundamentally divisive. Embedded in these statements are assumptions about who is to serve and who is to be served and assumptions about who is to produce and who is to consume. It necessarily assumes a class of predators and a class of prey — or perhaps a more apt metaphor would be a class of parasites and a class of hosts. It does not recognize the fundamental and ennobling effects of capitalism.

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Estimula-me que eu gosto

Os resultados dos estimulos Keynesianos praticados por Obama chegaram à economia.



Mas o problema deve ter sido que o estimulo não foi suficientemente grande.

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segunda-feira, 15 de junho de 2009

Uma pequena pausa

Os mercados financeiros parecem finalmente acusar o cansaço deste rally que se estende já por 3 meses com subidas fantasticas. Vários factores contribuem para a minha expectativa de que vamos ter de assistir a uma correcção pelo menos até à zona dos 880-840 no SP500:

1) Primeiro fecho abaixo do canal que tinha defenido
2) Divergência nos principais mercados que já marcaram topos antes do SP500 (nomeadamente no EUR/USD, metais preciosos e titulos de divida)
3) Um optimismo crescente na comunicação social sobre a recuperação que se adivinha.

Fica a imagem e um chuto para canto até chegarmos ao ponto crucial do mercado na zona que referi.



Disclaimer: Negociar futuros pode envolver perdas substanciais de capital, por vezes perdas superiores ao capital inicial. Esta mensagem tem apenas um fim educacional e não deve ser confundida com um conselho de investimento, o autor não se responsabiliza por qualquer tipo de perdas associadas com o conteúdo desta mensagem.

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domingo, 14 de junho de 2009

A divida dos EUA simplificada

Este pequeno filme tenta simplificar a forma como podemos ver a dívida. Com tanto trilião a ser falado e atirado ao vento como solução para todos os problemas torna-se dificil saber a quantas andamos. Assim os números são apresentados em milhas por hora (o efeito visual é o mesmo se nos abstrairmos e considerarmos Km/h).



Como diria o Obelix... estes americanos são doidos!

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quinta-feira, 11 de junho de 2009

Intimação à Reserva Federal dos EUA

A Reuters reporta que o Congresso dos EUA intimou o banco central para depôr sobre a aquisição da Merryl Linch pelo Bank of America.

Do artigo:
The subpoena comes two days before Bank of America Chief Executive Ken Lewis is set to testify before the House Oversight Committee, which is probing the transaction, what Lewis knew about Merrill's financial condition and potential regulatory pressure to complete the deal.

[...]

Fed chairman Ben Bernanke has denied previous assertions by Lewis about pressure. A spokeswoman for former Treasury Secretary Henry Paulson has said Paulson told Lewis there was no need to terminate the deal.

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terça-feira, 9 de junho de 2009

Desemprego nos EUA

Segundo a ShadowStats, uma organização privada que calcula vários indicadores como o desemprego, IPC, etc. à moda antiga (as fórmulas de calculo destes indicadores são mudadas de tempos a tempos para satisfazer as necessidades politicas) revela que o desemprego nos EUA ultrapassou os 20%.



Perto, muito perto, dos níveis da grande depressão dos anos 30 (24.9%). Para quem diz que aprendeu muito com os erros do passado Ben Bernanke e os seus conselhos à administração Bush e agora Obama passa por muito mau aluno.

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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Porquê acabar com o banco central

Bom, já chega de Europeias e de socialismos, está na altura do Inflaccionista voltar ao normal e nada melhor que este excelente artigo do Mises Institute: The Case Against the Fed!

Um artido do já falecido Murray Rothbard onde, passo a passo, desmistifica o processo de criação de dinheiro e as consequências negativas que tem para a economia (e portanto, para todos nós) entregar o monopólio do dinheiro a uma entidade como o Banco Central.

Recomenda-se vivamente.

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Mapa do parlamento europeu

Queria apenas deixar aqui o mapa do novo Parlamento Europeu, os dados estão a ser actualizados em tempo real.

Além da óbvia "porrada" que o PSE levou nestas eleições já aparece oficializada a ruptura dos conservadores britânicos com o PPE.

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domingo, 7 de junho de 2009

Europeias 2009

Eu sei que ultimamente tenho andado a abusar da paciência dos leitores aqui com as eleições europeias mas façam mais um esforço para me aturar que elas acabam hoje e pretendo ser curto e grosso.

Os resultados nacionais já saíram e o vencedor claro destas eleições foi o Partido Socialista B com mais um euro-deputado que o Partido Socialista original. Os federalistas conservadores do CDS conseguiram eleger 2 e a extrema-esquerda soma 4 (talvez cinco, a contagem ainda não acabou), como já tinha referido aqui a tendência para extremar posições vem aliada à crise.

Numa vitória clara do supra Estado europeu ganhou o imposto europeu, ganhou o exército europeu e ganhou o mercado de dívida europeu. Ganhou acima de tudo a ideia de que Portugal pode sair desta crise mamando na eterna teta europeia. Perdemos todos uma boa oportunidade de olhar a Europa de outra forma.

Felizmente votam mais outros 26 países e esses não abdicaram todos com a mesma facilidade que nós da sua identidade como Estado-nação. Dou principal destaque ao Reino Unido onde o principal defensor da UE nestes moldes teve uma pesada derrota com apenas 13% dos votos. Dou também destaque à vitória de Angela Merkl na Alemanha, a unica lider europeia que tem demonstrado bom senso económico foi suportada pelos eleitores alemães que talvez não estejam muito dispostos a deixar os outros viverem às suas custas como pretendem Vital Moreira e Paulo Rangel. Também na Holanda este modelo Europeu ganhou novos críticos.

Em toda a Europa a abstenção foi alta demonstrando uma falta de interesse ou conhecimento do que é o projecto europeu e mesmo apesar de tudo isto não duvido que vão continuar a tentar enfiar-nos o Tratado de Lisboa pela goela abaixo... a ver vamos que resultados virão da Irlanda, o ultimo país a resistir aos avanços dos federalistas (a contagem de votos ainda ia a 50% da ultima vez que verifiquei, para já parece que o Libertas não vai conseguir eleger nenhum euro-deputado no seu país de origem).

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CMVM e o mercado de analistas (II)

Achei melhor criar um novo tópico para responder ao Henrique porque a caixa de comentários do tópico anterior já vai longa. O Henrique tinha dito:

"Nuno, a CMVM não criou um problema a si próprio, a CMVM tal como a SEC ou outros organismos reguladores (dai o nome) foram criadas pelos governos para regular, e isto é um assunto que tem/deve ser regulado pois é muito mais abrangente do que possa parecer."

E aqui discordamos completamente. A CMVM não tinha nada que regular quem tem poder de opinião sobre dada empresa, ao chamar a si esta responsabilidade cria analistas de 1ª e analistas de 2ª (os que não são reconhecidos pela CMVM) e depois tem que criar um gabinete de tecnocratas para deliberar sobre quem tem que estar na 1ª ou 2ª categoria. Eu não sou contra a entidade reguladora, sou contra estas funções da entidade reguladora. A entidade reguladora está lá para prevenir e punir crimes de mercado não tem nada que se meter num oficio que pode muito bem ser feito pelo mercado.

Aliás o próprio Henrique admite que o mercado funciona:
Há serviços que compilam polls de estimates que eles próprios tem os seus critérios, e se não gostarem de uma casa de research nem os contabilizam nas suas polls.

Se queres que te diga, até acho que tenha sido o caso aqui, ou seja, a Lisbon Brokers começou a ser ignorada em algumas polls, e só depois a CMVM "acordou" para o caso.


Ou seja, a CMVM não regulou nada, foi o mercado que o fez ao começar a eliminar a LB dos seus serviços. A CMVM foi atrás para mostrar trabalho que claramente não é seu (ou não devia ser seu). Ou seja, se o mercado não gosta de determinada casa de research pode ignorá-la completamente se não o faz muitas vezes estará relacionado com estar à espera que a CMVM o faça porque a si chamou esta responsabilidade deixando os participantes no mercado complacentes e confiantes numa entidade que diz regular esta actividade.

É uma solução pior, menos produtiva e mais cara para todos. Eu não me interessa a qualidade das análises da Lisbon Brokers para nada, pelos vistos ao Henrique também não interessam porque as critica bastante mas afinal o Henrique podia contratar um serviço em que eliminavam a LB das contas (eu deixo só uma ressalva aos restantes leitores do blog que acho muito má ideia investir com base em médias de números dados por vários analistas) não sei se o fez ou não mas teve essa oportunidade.

A CMVM cria um problema a si própria bastante grave no sentido que mais cedo ou mais tarde lhe vai escapar um caso grave tal como o BPP e BPN passaram ao largo da entidade reguladora do sector e quando chegar esse dia que vai acontecer? Os pequenos investidores terão toda a legitimidade para esconder as suas perdas atrás da responsabilidade da CMVM que falhou e lá vai ter que o Estado se chegar à frente como aconteceu no caso dos bancos onde em vez de deixar afundar a incompetência foi dar falsas esperanças a um conjunto de depositantes que agora passam os dias a correr atrás do ministro. O ministro bem pode dizer que a responsabilidade não é dele e chutar para os accionistas mas se isso é verdade porque é que o Estado se meteu ao barulho? Ao envolver-se no problema não pode agora chutar para canto tal como a CMVM não o poderá fazer quando as coisas lhe correrem menos bem.

Não pode nem nunca poderá estar em causa a quantidade de viagens que a Sara fez ou deixou de fazer para elaborar as suas análises, é ridiculo e subjectivo. Nada indica que a qualidade seria melhor se a analista tivesse feito 1 ou 1000 viagens. Se começamos a entrar por aí então o orgão regulador nada mais é que um aparelho de leis esparguete podendo implicar com quem quiser porque não fez as N viagens que o regulador acha que é necessário ou porque o assistente tirou o curso numa faculdade não reconhecida pela CMVM ou qualquer outra coisa estapafurdia. Num país onde todos se queixam da corrupção convém pensarmos bem se é este tipo de poder que queremos colocar nestas entidades.

Eu compreendo perfeitamente porque é que o Henrique acha que esta função pertence à CMVM, até percebo que o Henriqe durma melhor à noite sabendo que assim é feito em Portugal. Apenas não podia estar mais em desacordo.

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sábado, 6 de junho de 2009

CMVM e o mercado de analistas

A discussão que me prendeu esta semana no Caldeirão foi sem duvida a noticia de que a CMVM proibiu uma casa de investimento de emitir análises sobre as acções do PSI 20.

E porque foi isto? Qualquer pessoa de bom senso associaria logo a dita casa de investimento a burlas, inside trading ou qualquer outro esquema onde enganavam os seus clientes num qualquer caso lusitâno inspirado na Segurança Social, perdão, em Madoff mas não - as razões da CMVM foram outras:

A Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) proibiu uma casa de investimento, não identificada, de emitir notas de análise por não ter pessoal qualificado e em “quantidade suficiente” para o número de empresas que é acompanhado. E enquanto esta situação se mantiver, a suspensão será mantida.

Horas depois veio a confirmação no Jornal de Negócios:
A Lisbon Brokers é o intermediário financeiro que foi proibido pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) de emitir notas de análise financeira, apurou o Negócios.
[...]
A decisão é justificada com a existência de “deficiências técnicas identificadas na produção de recomendações”. O regulador diz que a suspensão do “research” da Lisbon Brokers irá manter-se enquanto a corretora não tomar medidas, que passam pela sua “sua dotação de recursos humanos qualificados e em quantidade suficiente face ao número de empresas e sectores de actividade objecto de análise”

De acordo com os dados da Bloomberg, a Lisbon Brokers elabora “research” para 14 empresas da Bolsa de Lisboa.


Torna-se claro que a CMVM não gosta da analista e principalmente não gosta do facto de a mesma analista sozinha emitir opinião sobre 14 empresas ao mesmo tempo. A CMVM pelos vistos não sabe mas não tem que gostar da analista, já a minha mãezinha dizia "se não gosta come menos". Quem tem de gostar do trabalho da pessoa em causa são os seus clientes, afinal de contas são eles que lhe pagam e se eles estão contentes com o seu trabalho quem é a CMVM para vir dizer que não podem ler o que a senhora escreve?

Se analisasse apenas 13 empresas já era considero que os recursos humanos estavam alocados em "quantidade suficiente"? E se fossem 10? 7? 5? 2? Não sabemos, apenas o comité de tecnocratas da CMVM poderá responder a essa questão.

Como outro colega perguntou, e muito bem, o que aconteceria se Warren Buffet fosse português? Antes de sequer ter começado a gerir dinheiro dos seus amigos e familiares já a CMVM lhe teria cortado as pernas por andar feito maluco a analisar earnings e dividend yields de meio mundo.

É o que acontece neste país, fruto de uma mentalidade do Estado baby-sitter em que se assume automaticamente que os clientes da Lisbon Brokers são uns anormais incapazes de avaliar a qualidade daquilo que leêm e tem que vir um orgão regulador para se certificar que os seus neurónios não implodem.

Os meus pêsames a quem pensava abrir negócio próprio nesta área.

Disclaimer: Não sou cliente da Lisbon Brokers, não conheço a analista em causa e raramente faço operações sobre acções cotadas no mercado nacional.

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sexta-feira, 5 de junho de 2009

Amanhã é dia de reflexão

Como amanhã é dia de reflexão sobre as eleições europeias publico já hoje este video. Já sabem, não passem por cá durante o sábado pois podem ficar a refletir mal...

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quarta-feira, 3 de junho de 2009

Coitado

O Jornal de Negócios reporta que o pobre secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, não está a conseguir vender a sua casa (deve precisar de comprar uma nova em Washington por estes dias). A casa é modesta e foi colocada no mercado por cerca de 1.63 milhões de dolares mas como o rapaz deve estar com pressa a não teve ofertas acabou de baixar o preço para 1.57 milhões de dolares.

Mesmo assim parece que não chegou e a noticia diz-nos que Geithner acabou por arrendar o imóvel:
"O aluguer foi feito por 7.500 dólares por mês, revelaram agentes imobiliários que não estão envolvidos com esta operação.

E apesar dos 7.500 dólares parecer um valor elevado, este não é suficiente para cobrir os encargos mensais que Geithner tem com os dois empréstimos que fez para comprar a casa, que no total ascendem a 1,25 milhões de dólares.
"

Será que foi um boom gerado por mau investimento em imobiliário que gerou este problema ao Sr. Secretário ou será que ele é um politico tão mau que não sabe fomentar a procura?

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segunda-feira, 1 de junho de 2009

Solidariedade privada

O banco alimentar contra a fome anunciou hoje os resultados de uma campanha de recolha de alimento durante o fim de semana que agora passou. Os resultados serão porventura surpreendentes para a maior parte visto que conseguiram recolher mais 27 toneladas de alimentos do que tinham conseguido no ultimo natal, uma altura propicia ao "espirito de dávida".

Os meus parabéns ao banco alimentar e um agradecimento a todos os que contribuiram, quem diria que uma entidade privada que apela à generosidade de outras entidades privadas poderia ter sucesso num mundo socialista? Como será que eles conseguem e como contrapôr estes resultados aos conhecidos das medidas "sociais" como o rendimento mínimo ou a habitação de gueto promovida por todos (de uma forma ou de outra) os partidos da AR?

Esperemos que o Estado nunca decida chamar a si a função do BA, os resultados poderiam ser catastróficos.

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