Ontem o Nasdaq perdeu quase 10%. O Dow Jones e o S&P500 passaram os 8% de quedas originando a maior queda dos mercados bolsistas desde 1987 e foram retirados do mercado cerca de 1.2 Biliões de euros (ou trillions em americano).
Convinha apenas lembrar que isto aconteceu quando as vendas curtas (que referi aqui recentemente) foram proibidas pelo SEC, gostava de saber quem foram os responsáveis agora e porque é que ninguém culpa a SEC de ter retirado parte importante da liquidez do mercado (que era gerada exactamente pelos short-sellers).
Se algum responsável houve ontem pela descida histórica foi a SEC pela sua interferência no mercado.
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Maior queda dos ultimos 20 anos
domingo, 28 de setembro de 2008
Nacionalizações alastram à Europa
O Reino Unido, outrora visto como o único país Europeu com respeito pelos mercados livres acaba de nacionalizar mais uma empresa (já tinha nacionalizado a Northen Rock o ano passado) segundo nos reporta a Bloomberg.
Desta vez é a Bradford & Bingley Plc que não surpreendetemente era uma das maiores empresas a emprestar dinheiro aos proprietários de casas nos Reino Unido.
As massas continuam a aplaudir os "esforços" dos Governos em "salvar" o sistema, concentrando cada vez mais poder politico e económico demonstrando que a unica coisa que aprendemos com a história é que não aprendemos com a história.
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Prata - Anomalia no mercado? (parte III)
Os que me acompanham regularmente sabem bem que recomendo a compra de ouro e prata física como protecção de riqueza contra a irresponsabilidade dos Estados e dos Bancos Centrais mundiais que não param de injectar liquidez nos mercados.
Já tinha aqui descrito (na parte I e II em Agosto) que existe uma divergência entre o mercado de "prata-papel" (futuros, ETFs, spot, etc.) e o mercado "normal" de rua onde se pode ir à loja e comprar prata directamente.
Felizmente não fui o único a reparar que o mercado de papel e o mercado físico estão em completa divergência e que um destes mercados tem de estar errado (assunção minha que é o de papel que está errado) e a CFTC vai lançar uma operação de investigação sobre a operação dos dois bancos que estão a vender curto 25% da produção mundial (anual) de prata.
Não que espere grandes conclusões mas ficarei a aguardar o relatório com curiosidade.
A escola (III)
Li esta segunda feira no jornal Metro que a Confederação Nacional de Associações de Pais vai reunir para discutir qual a utilidade dos exames nacionais nas escolas.
Parece que os filhos coitados não conseguem passar com muito boas notas. Obviamente a culpa é dos exames, os filhos não podem ser estupidos porque saiem aos pais. Esta gente que se prepara para condenar o ensino publico a uma mediocridade ainda maior que a actual é a mesma gente que me vai forçar a meter o meu filho no ensino privado onde ainda haja um mínimo de padrões de qualidade que lhe dêm acesso a uma educação decente depois de destruírem o ensino publico.
E o cómico é que esta mesma gente vai ser quem vai criticar o meu filho por ser de "familias ricas" e que tem uma "vantagem desleal" no acesso ao mercado de trabalho. É esta gente que me dá vómitos e me tira o sono.
Revolta!
Ler Ayn Rand é algo que nunca tinha experimentado. É algo novo que não consigo descrever concretamente, é um sentimento de descoberta como se sempre tivessemos sabido que algo de errado estava a acontecer no mundo mas so agora descobrimos concretamente o quê. É um sentimento de tristeza ao vermos o que realmente nos rodeia.
Quando tentei descrever este sentimento a um amigo lembrei-me de uma analogia muito simples com o filme Matrix. É como quando Morpheus nos dá a escolher entre o comprimido vermelho e o azul. Nós, claro, escolhemos o vermelho porque queremos saber tudo e mais alguma coisa e depois passamos a vida a torturar-nos "porque é que não escolhi o azul" ao percebermos as consequências de tudo o que vemos de novo no mundo... "ignorância é felicidade".
Vemos nas nossas empresas o triunfo da mediocricidade sobre a pró-actividade e o empreendorismo. Vemos no estado não uma entidade abstracta que nos (des)governa mas sim realmente os desejos mais intimos das pessoas. Têm vergonha de o admitir em publico mas na verdade todos querem algo em troca de nada. Ainda hoje me disseram "não protesto contra a Via do Infante porque uso muito a ligação à Covilhã", ou seja, não me importo que um alentejano seja expropriado para pagar uma auto-estrada que não uso porque sei que ele vai ser roubado novamente para pagar uma que vou usar.
E depois falam-me da moralidade. Como é moral tributar os cidadãos porque "o país não funciona sem transportes publicos". Como é imoral não querer pagar impostos para contribuir para "o bem comum" ... esse bem abstracto que consiste em atribuir subsidios "a quem mais precisa".
O desvirtuamento completo na nossa Assembleia da Republica da história de Robin dos Bosques em que o nosso primeiro ministro nos lembra que ele "roubava aos ricos para dar aos pobres". O povo adora, é isso que queremos... queremos o dinheiro dos ricos porque é necessário ao "bem comum". Como a comunicação social aplaude... sentir que sou a unica pessoa neste país indignada por uma história cheia de justiça ser roubada por um politico e adulterada para efeitos eleitorais. Já ninguém se lembra mas o verdadeiro Robin dos Bosques roubava os ladrões, o Xerife de Nothingham que era na verdade um ladrão (não era um rico qualquer) e que impunha decretos para roubar o produto do trabalho do seu povo. Robin dos Bosques roubava a um ladrão não para dar aos pobres mas para devolver a riqueza aos produtores da sociedade. Já o disse e volto a dizer, se Robin dos Bosques fosse escrito hoje, João Pequeno seria descrito como um parasita da sociedade que se recusava a pagar impostos para o bem comum.
Vemos ilusões vendidas pelos bancos, patrocinadas pelo Governo e empolgadas pelos media. Mas não faz mal porque é uma ilusão que as massas querem comprar. Vende-se a ilusão de que qualquer um pode ter uma casa, não interessa os rendimentos.
Anuncia-se a manipulação das taxas de juro a 2% para nos endividarmos de forma barata e quando corre mal colocamos os banqueiros nacionais na televisão a explicarem-nos que a divida não faz mal porque a divida é "Uma poupança futura" (Fernando Ulrich em Grande Entrevista).
Vemos o aumento dos subidios e abonos porque é isso que no fundo queremos... algo por nada. Vemos a descapitalização das empresas e o aumento do desemprego mas não faz mal porque é isso que queríamos, um bom subsidio para não produzir. Vemos o dinheiro a ser criado a partir do nada para pagar todos estes subsidios, vemos a inflação ameaçar todas as nossas poupanças e as reformas próprias de quem depende de um rendimento fixo e de quem poupou o pouco que tinha durante toda a sua vida. Mas não faz mal porque há mais notas para toda a gente... o povo gosta e o povo merece. Ninguém percebe que não é um pedaço de papel emitido por qualquer banco que cria riqueza mas apenas o produto do trabalho... e emitem-se mais bocadinhos de papel porque é isso que queremos: papel... algo em troca de nada.
Vemos a ignorância e a mediocricidade a triunfar um pouco por todo o lado... vemos que os poucos que produzem acabam por ser nivelados por baixo, reduzidos à incompetência daqueles que os rodeiam. Vemos tudo isto e achamos tudo normal, vemos a riqueza evaporar e perguntamo-nos porque tudo está mais caro, porque é os pequenos papeis que nos deram em troca da nossa preguiça compram tão pouco? E a culpa é atribuida imediatamente à ganância dos poucos que ainda produzem.
Eu só não vejo é a razão de porquê ainda haver alguém que produza... para quê? Para quê continuar a ser tributado quando podemos ter um subsidio isento de IRS? Para quê produzir se o estado me vai dar o produto do trabalho dos outros? Para quê investir se o que ganhar vai ser diluido pela criação de papel pelos bancos centrais? Para quê lutar contra a mediocridade?
Para quê a revolta?
Hoje... a revolta é apenas para me sentir vivo! Para alguém que esteja do outro lado do mundo e se identifique com estas palavras não sinta que está sozinho. Para alguém saber que ainda há pessoas com um código moral que condena a mentira e o roubo.
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Falhar?
O humor negro (ou será mesmo indignação) chega-nos dos sitios mais estranhos. Desta vez da sala de audiências onde Paulson e Bernanke tentam convencer os congressistas a pagarem $700 biliões por dívida tóxica.
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Pensamento do dia
"Existem 6.84 triliões de dolares depositados nos bancos norte americanos. Estes têm cerca de 240 biliões de dolares de liquidez. Os bancos não podem assegurar os depósitos"
“Investing in Chaos, The Storm is Here”
Darryl Robert Schoon, September 17, 2008
Ninguém se espante porque isto é perfeitamente normal e legal, é mesmo assim que funciona o sistema de reserva fraccional. O resto do dinheiro estará provavelmente em hipotecas que fazem a diferença... ou faziam... bom, não digam a ninguém porque senão ainda tentam levantar o dinheiro que lhes pertence.
A morte dos mercados livres
Os mercados mundias sofreram hoje ondas de pânico, euforia, tristeza e indignação. A SEC (Securities Exchange Commision - uma espécie de CMVM americana) decidiu impedir a venda curta (short selling - uma das formas que os investidores podem usar para ganhar dinheiro em Bear Market) de 799 titulos de instituições financeiras. No Reino Unido já ontem tinha sido dado o mote.
Existiria tanto para comentar que nem sei por onde começar. Sinto que o mais interessante é que no fundo o maior sentimento é mesmo de indignação e não de surpresa, de uma maneira ou de outra todos já esperavam a manipulação do mercado desta forma. Deixo apenas um comentário curto da MarketWatch:
NEW YORK (MarketWatch) -- When Russia shut down its stock markets to avoid the global collapse sweeping the markets earlier this week, most of Wall Street shook its head.
The move smacked of totalitarianism and artificial manipulation, such a brazen intervention wouldn't happen in a free market.
Well, the Russians are having a good chuckle after Securities and Exchange Commission Chairman Christopher Cox, following the lead of the U.K.'s Financial Services Authority, initiated a ban in short selling for 799 U.S. financial institutions including Morgan Stanley , Goldman Sachs Group Inc. and Washington Mutual Inc. .
The move smacks of irony on several fronts. For one, institutions such as Morgan and Goldman regularly practice short-selling as part of their proprietary trading strategies. These firms made billions in profits by running hedge funds or serving them through prime brokerage operations. They shrugged when companies complained that short sellers were ruining their companies.
Now, Morgan's John Mack and Lloyd Blankfein of Goldman not only won a ban of naked shorting, but of all shorting of their industry. They also have persuaded New York State Attorney General Andrew Cuomo to investigate short selling in the market place.
Remember, short selling is perfectly legal. Manipulating prices through rumor isn't. But what is the SEC banning?
Eric Newman, portfolio manager at TFS Capital , said the SEC is doing exactly what claims to be against -- manipulating the markets and propping up ailing financial companies. They're doing it because the banks are essentially backed by taxpayers and have become politically important.
Our complaint through history about countries that try to influence their markets by changing the rules mid-game was that it was tantamount to cheating. For all of its faults, the U.S. markets were supposed to be the most level playing fields in the world.
E agora? O que nos resta?
Se a história for algum indicador vamos ver uma subida desmesudara dos índices accionistas nas próximas semanas ou talvez meses, no final iremos ter uma queda abrupta a níveis muito inferiores aos que vimos esta semana e aí os reguladores vão ter muita pena de não terem os especuladores a fecharem as suas posições curtas (a comprar acções) e a segurar o mercado mas isso não interessa nada... o que interessa é encontrar culpados para pendurar na praça publica em tempo de eleições.
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Como as injecções de liquidez afectam a inflação
Perguntaram-me hoje que relação tinham as injecções de capital com a inflação nos índices de preços ao consumidor. Aqui fica a minha resposta:
Existem várias teorias mas a mais fácil de perceber é simplesmente através do efeito procura/oferta. Existe mais dinheiro no mercado enquanto que os bens disponíveis para serem consumidos são os mesmos portanto é natural que eles subam em termos de dinheiro.
Note-se que o valor dos bifes continua o mesmo mas é o valor do dinheiro que baixa por este existir em excesso. Isto é o que eu considero a "inflação percepcionada" pelo consumidor. A inflação real é automática e é para mim simplesmente a taxa de crescimento do dinheiro disponível no mercado, simplesmente este dinheiro todo que é criado (e estamos a falar de percentagens com dois digitos) leva tempo a chegar ao consumidor final e às vezes demora anos para que a criação do dinheiro tenha efeitos que os consumidores considerem inflacionistas.
Por exemplo, há mais de uma década que o crescimento da massa monetária M3 está a crescer acima dos 10% nos EUA mas nem por isso se tem feito sentir esse efeito na carteira dos consumidores (com ou sem manipulação nos calculos do CPI) e isto deve-se a vários factores:
1) A "criação de riqueza" (na realidade ela não é criada mas sim transferida do fundo da cadeia para o topo da cadeia do dinheiro) fica restrita aos que estão mais perto da fonte do dinheiro. Se alguém se perguntou porque é que estamos em níveis históricos de diferenças entre ricos e pobres basta olharem para os bancos centrais. Neste caso quem está no topo da cadeia é quem está mais perto da criação do dinheiro - i.e. quem negoceia com sucesso obrigações de tesouro. Enquanto o dinheiro não descer pela cadeia não é notada a inflação.
2) Muito do dinheiro criado está nas mãos de estrangeiros como os Sauditas. Este dinheiro não entra na economia de produtos básicos (normalmente é usado para especular ou para guardar em titulos de tesouro) e portanto não cria expectativas inflacionistas.
3) Houve desde o inicio dos anos 90 um enorme boom de produtividade. Isto significa que há mais dinheiro a circular mas também há mais produtos onde este pode ser gasto contendo assim a pressão inflacionsta. A globalização permitiu conter em muito estas expectativas até pela baixa de custos na produção de alguns produtos (e.g. tecnologia).
4) Nos ultimos anos a inflação esteve contida em pequenos sectores em que os consumidores até acham benéficos como os índices accionistas (welcome to 2000) e o mercado imobiliário (uma casa para todos, até para quem não tem ordenado). Apenas agora se vê o dinheiro a sair desses sectores e a espalhar-se por áreas menos agradáveis como o petróleo, trigo, açucar e todo o tipo de bens que as pessoas realmente precisam (e que normalmente não servem de colateral para empréstimos icon_razz.gif)
É acima de tudo perceber que a riqueza é criada por quem trabalha e produz. Imprimir notas não é solução de riqueza, crescimentos do PIB a 3% não são nada quando são medidos em dolares que foram imprimidos a uma taxa de 5% (na realidade quer dizer que houve um crescimento do PIB negativo). Mas claro, com a remoção de qualquer medida objectiva de riqueza é fácil manipular os números.
Imagina um engenheiro que construísse estradas e fosse forçado a trabalhar com uma unidade de medida como o dolar (flutuante). Um dia um metro era 90cm no outro 50cm e no seguinte 70cm ... no final de contas quantos metros tem a estrada? No final de contas com o PIB sempre a crescer porque é que não o sentimos nas nossas carteiras?
Fica o gráfico do FMI... o mundo é um mar de rosas não é?
Continuo a manter que apesar de ser detestável é a solução preferida pelos banqueiros centrais de todo o mundo. Isto porque a inflação é a melhor maneira de se sair da divida (afinal de contas se o dinheiro vale menos é mais fácil pagar o que devemos) e principalmente porque eles temem muito mais uma depressão deflacionista (como 1929) do que uma inflacionista. Para quem vive ordenado a ordenado pouco interessa, de uma forma ou de outra o sofrimento com ajustamento à nova realidade será doloroso (demasiado para alguns).
No limite a FED desejaria criar tanto dinheiro quanto necessário para que o preço das casas medidos em dolares ficasse na mesma como estava em 2006 ou que o preço das acções se mantivesse como estava. Mas o problema é que a FED cria esse dinheiro mas normalmente não o aplica, quando o dinheiro chega às mãos dos investidores eles tanto podem comprar casas como petróleo e não é bem isso que a FED pretende... mas com os novos passos em que o dinheiro criado pode ser utilizado para nacionalizar empresas sem perguntar nada aos accionistar torna-se mais fácil controlar onde vai parar o novo dinheiro.
Muito para pensar...
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
DECO estuda marcha contra petroliferas
Surgio no Caldeirão um novo tópico sobre a DECO e uma eventual marcha contra as petrolíferas por estas não baixarem os preços dos combustíveis.
Penso que é um mau serviço que a DECO presta ao país em geral e aos consumidores em particular se avançar com esta "marcha" pelas razões que o Marco António já teve oportunidade de explicar no seu tópico e que eu coloquei aqui um excerto no artigo Petroleo Vs Gasolina. Mas o pior de tudo é quando vejo, além da triste noticia, comentários como este:
Há que fazer algo contra esses fantoches que se aproveitam de um povo indefeso que precisa de combustível para o seu dia a dia profissionalmente...
Ficam os meus pensamentos em baixo.
Ler este tipo de comentários depois de ler Atlas Shrugged nas férias causa-me enormes nauseas.
Critica-se uma empresa que se dá ao trabalho de explorar petróleo e vender aos portugueses. Fizeram milhões de investimento em exploração de recursos, material, a pagar impostos, a tentar informar a opinião publica e mesmo assim há povinho que só pensa que os lucros deles são altos sem reparar nas contas que demonstram claramente que o preço alto do petróleo só os tem prejudicado.
Mas o povo quer saber é do que paga e não o porquê. Condenar o lucro de uma empresa que trabalha para isso sem mencionar um estado parasita que ganha muito mais sem fazer nada apenas porque pode impor um código tributário. Revoltam-se contra quem fornece um serviço para obter um lucro em vez de se revoltarem contra os parasitas.
Os camionistas com a sua greve faziam um favor às gasolineiras. Ficam sem gasolina para vender e as pessoas deixam de os chatear e que andem a pé... não há pachorra para quem não se quer informar e só sabe deitar abaixo os poucos que ainda produzem qualquer coisa para o país.
Continuam as nacionalizações
A 23 de Julho escrevi aqui um artigo entitulado Os Estados Socialistas da América e muita coisa se passou entretanto, nomeadamente a nacionalização de facto da Fannie Mae e da Freddie Mac que foram salvas pelo argumento de "demasiado grandes para falhar". É engraçado como os gestores destas companhias recebiam em 2006 e antes milhões de dólares em bonus e ordenados, ajudaram a criar toda esta trapalhada e agora o Governo (ou seja, os contribuintes) têm que assumir a trapalhada criada e lidar com a alavancagem excessiva usada pela gestão danosa anterior. O privado fica com o lucro enquanto os contribuintes ficam com o risco.
Há uma falência moral dos mercados e dos politicos mas muito mais se passou além disso...
Entretanto esta semana a Merril Lynch foi comprada a preços de saldo pelo Bank of America. A Lehman Brothers abriu falência segunda-feira depois de o Governo se recusar a ajudar a empresa para tentar mostrar alguma força moral ao mercado e que "não salvamos toda a gente". Infelizmente esse sentido moral durou apenas dois dias pois tiveram que salvar a AIG que detém cerca de 60 triliões de dolares em derivados de crédito - uma empresa que não é um banco, não é uma corretora mas simplesmente uma seguradora.
De repente a FED (Reserva Federal Norte Americana) decide adquirir 80% das acções da empresa sem que haja uma reunião de accionistas para deliberar sobre o assunto. A FED que tem como mandato ser um credor de ultimo recurso para os bancos de repente está a tomar conta de uma seguradora (o problema principal aqui foi que segurava a divida da Lehman Brothers) sem que alguma vez tenha sido mandatada para isso. Uma "nacionalização" de facto por uma instituição que para tal não está mandatada mas que sabia muito bem o preço a pagar se nada fosse feito... nem tempo houve para uma reunião no Congresso a extender os poderes da FED, será algo que será legalizado à posteriori.
Continuaremos no caminho das nacionalizações porque ainda há muito lixo para sair das contas dos bancos. Continuaremos a ver um deleverage das casas financeiras que arrastarão os preços dos bens de investimentos para uma deflação assustadora enquanto os bancos centrais continuarão a defraudar as bases das moedas para tentar conter esta deflação. Quer consigam ou não isto levará apenas a que os bens de consumo sofram de inflação colocando os povos entre a espada (deflação do preço das casas, das acções, etc.) e a parede (inflação da comida, combustivel, etc.). Os Governos com as suas intervenções vão piorar bastante a situação (como é costume) e tornar esta recessão muito mais grave e mais demorada.
É por isso que recomendo comprar ouro e prata. É como comprar um seguro, mesmo que esteja errado (e para o bem de todos esperemos que esteja) o ouro e a prata terão o seu valor intrinseco. Quando compramos um seguro contra incêncio para a nossa casa não ficamos tristes se ela não pegar fogo.
A escola (I)
As férias têm disto, de repente damos por nós a olhar para coisas que não nos passavam pela cabeça olhar. E foi assim que fui de encontro a um artigo de 24 de Janeiro de 1958 publicado numa revista norte-america (cujo nome me escapa de momento).
Era, nesse artigo, criticado o estado da educação no país. Era defendido que tinham as melhores universidades do mundo mas que o ensino basico e secundário era bastante inferior aos países da "cortina de ferro".
O entrevistado foi o Professor Arthur Bestor da Universidade de Illinois e podemos ler entre outras coisas as seguintes declarações (tradução livre):
Um pouco por toda a nação as pessoas perguntam o que correu mal com as escolas publicas dos EUA. Porque é que os Russos estudam mais ciências e linguas estrangeiras que os nossos jovens? O que pode ser feito para melhorar as nossas escolas?
As respostas do Professor Arthur Bestar, notável historiador que passou muitos anos a analizar as nossas escolas e as do estrangeiro permitem chegar a algumas conclusões: O sistema educacional dos EUA tem baixos padrões de qualidade. As crianças não são educadas para trabalharem muito e as escolas fornecem muitos cursos "fáceis". Os próprios professores, muitas vezes, sofrem de uma educação deficiente.
O que é necessário para melhorar a nossa qualidade de ensino não é apenas dinheiro - é um respeito pela aprendizagem nas nossas saulas de aula.
50 anos depois é esta uma boa descrição do ensino em Portugal?
A escola (II)
Uma outra leitura que se me atravessou pela frente foi um dos manuais de estudo da cadeira Cultura Norte-Americana leccionada na nossa Universidade Nova de Lisboa.
Encontrei a indicação de que o presidente Truman era um presidente liberal. Tinha as minhas duvidas mas o manual de estudo esclarece e apresenta algumas iniciativas do então presidente dos EUA:
Introduzido o ordenado mínimo nacional
Extensão dos beneficios da Segurança Social
Apoios federais para novos proprietários de casas e construtores(começou aqui o subprime?)
Criação de um seguro médico universal
Subsidios para agricultura
E uma proposta pouco clara mas que se chamava "Fair Employment Deal" (parece que ser pago pelo trabalho executado não era justo)
Confesso que fiquei confuso, ao ler toda esta informação de um curso universitário actual senti-me defraudado. Sempre pensei em mim como um liberal mas sou claramente contra este tipo de leis. Fui então ao dicionário de português para ver se encontrava o que era um liberal e fiquei esclarecido.
Um liberal é aquele que segue a doutrina politica do liberalismo. O liberalismo é uma doutrina politica que é contra a intervenção do Governo na economia.
Fico na duvida sobre o que será mais grave, se ensinarmos aos nossos jovens que Truman era um liberal ou se é dizer-lhes que a atribuição de subsidios a certos sectores não é uma intervenção do estado na economia.
Haja bom senso senhores...
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Frase do dia...
Uma taxa de juro de 2% não é particularmente acomodatória numa crise de crédito
United States Federal Reserve Beige Book
Dolar a subir com estas declarações? Sou só eu a achar que houve uma intervenção silenciosa?