O povo é assim, quando as coisas correm mal arranjam sempre alguém a quem bater. Depois de se culpar a GALP pelos impostos da gasolina agora culpam-se os bancos pelos empréstimos que as pessoas contraíram sem pensar.
O ultimo ataque que apareceu hoje no Caldeirão é que os malandros dos bancos continuam a cobrar uma taxa EURIBOR + spread a 5,4% (no caso de EURIBOR a 3 meses) enquanto se financiam através do BCE a 3.75% (taxa de referência).
Desmonto em baixo o mito pois não é assim que as coisas funcionam e os que se queixam agora são os mesmos que se queixariam se o sistema estivesse diferente como demonstro em baixo:
Os bancos não se financiam através do BCE, até há 27 horas atrás o BCE não era o ATM da esquina. Mais, a taxa que o BCE determina não é uma lei divina mas sim um alvo a atingir, quando se desvia muito do alvo pretendido são feitas operações de compra/venda nos titulos de divida publica para recolocar a taxa no caminho pretendido.
Um banco privado financia-se, normalmente, pela EURIBOR e o que ganha com o empréstimo é o spread, esteja ela a 2%, 5% ou 10%.
Além da taxa de referência existe a taxa de desconto, normalmente 0.5% acima da de referência que é ao que o BCE empresta efectivamente. Existem no entanto várias razões para um banco privado preferir a EURIBOR à taxa de desconto.
1) Questão de imagem. Um banco que recorre à taxa de desconto dá a ideia que não se consegue financiar normalmente e pode originar desconfiança nos seus clientes piorando de facto a sua situação. Esta razão foi atirada para trás das costas quando se viu que todo o sistema financeiro está comprometido e portanto não há imagem a salvaguardar.
2) A EURIBOR situa-se normalmente entre a taxa de referência e a taxa de desconto de maneira que não é economicamente viável recorrer à taxa de desconto.
3) O BCE era exigente com o colateral que aceitava para financiar à taxa de desconto. A EURIBOR é muito mais liberal e portanto permite outros níveis de financiamento
Posto isto é normalmente vantajoso estarmos a associar uma taxa varável à EURIBOR e não à taxa de desconto do BCE, acontece que não estamos em tempos normais e obviamente não faz sentido a um banco que está a atravessar dificuldades ir renegociar os contractos que estão feitos para os indexar a uma nova taxa de juro... além de que depois tinham que aturar novamente esta gente toda se as condições voltessem à normalidade e os bancos financiavam-se a uma taxa de 3% na EURIBOR e os empréstimos estava indexados a uma taxa de desconto de 3,25%
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quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Aproveitamento dos bancos
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Bancos Centrais
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