terça-feira, 13 de abril de 2010

Balão de oxigénio

O bail out que a UE propôs para a Grécia com o meu dinheiro deu hoje os primeiros resultados:

O organismo que gere a dívida pública grega anunciou hoje que foram emitidos 780 milhões de euros em Bilhetes do Tesouro com maturidade de 26 semanas, sendo que a oferta foi superior em 7,67 vezes ao valor disponível. O juro ficou em 4,55%.

O mesmo aconteceu com outra emissão, mas de Bilhetes com maturidade a 12 meses, tendo sido emitidos 780 milhões de euros em que a procura dos investidores mais do que sextuplicou a oferta. O juro desta operação ascendeu a 4,85%.


O plano de emergência foi conhecido no Domingo e os mercados reagiram em força no dia de ontem (os que tinham informação previligiada da comissão europeia já tinham reagido na Sexta). Os detalhes que são conhecidos dizem que estamos a falar de 30 mil milhões a serem emprestados este ano e para serem pagos a 3 anos. Olhando para a notícia do DE podia pensar-se que foi um grande sucesso (e tendo em conta que a semana passada as taxas chegaram aos 14% foi de facto um leilão muito bom), mas olhando para toda a curva de yields grega percebe-se o que se passou melhor:

Primeiro, as obrigações a curto prazo desceram sabendo os especuladores que podiam compra-las baratas que haveria sempre comprador para elas a preços mais caros (cortesia da UE e do FMI). Os especuladores maléficos de ontem são os investidores angélicos de hoje porque fizeram aquilo que os governantes queriam: baixar os juros sem que estes tivessem de fazer nada.

Em segundo lugar, apesar da queda abrupta nos yields durante o dia de ontem nas obrigações de mais longo prazo (as taxas a 10 anos passaram de 7,50 para 6,60) mas hoje já vão novamente a subir (6,75)demonstrando que o mercado não tem confiança nenhuma na Grécia a longo prazo mas sim na capacidade da UE de imprimir notas a curto prazo.

Juntando estes dois pontos, chega-se à mesma conclusão que eu cheguei aqui: O bluff vai, mais tarde ou mais cedo, ser chamado pelos que na altura serão novamente maléficos especuladores e teremos mesmo que colocar o nosso dinheiro naquele buraco. Toda a gente sabe disto, menos aqueles que preferem não saber. Em Maio haverá novo leilão de dívida para aqueles lados, a ver vamos se o mercado continuará tão crente nas palavras europeias ou se vai pedir acções.

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