quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A ultima bolha

O subtítulo aqui do Inflacionista é “De bolha em bolha até ao estoiro final”… nada mais a propósito que um relatório do Daily Telegraph sobre a única bolha que ainda vive e que aliás se exacerbou em 2008, sendo o único activo, além do ouro, a subir de valor neste ano que passou. Estou obviamente a falar da bolha que vai ocorrendo nos títulos de divida publica, um pouco por todo o mundo mas, especialmente nos EUA.

Apostando na intervenção dos bancos centrais (uma aposta simples, visto que os governadores destes bancos anunciam normalmente o que vão fazer antes de o fazerem) que têm levado as taxas de juro à volta do globo para níveis nunca antes vistos os especuladores e os investidores compraram estes títulos de dívida publica dos Estados (sendo que quando a taxa de juro baixam o preço dos instrumentos sobe). Com as recentes intervenções da Reserva Federal Americana e do Banco de Inglaterra a prometerem Quantitative Easing (mais tarde deixarei aqui um artigo explicativo sobre o tema, por enquanto basta dizer que os bancos centrais alargam a sua manipulação dos preços da divida publica aos títulos de longo prazo quando normalmente apenas o fazem nos títulos de curto prazo para conseguirem inundar o mercado com mais dinheiro “fresco”) no final de 2008 o preço destes títulos de divida subiram ainda mais - de uma forma espectacular (se é que se pode usar esse termo para uma tragédia à espera de acontecer) .

Entretanto, e como menciona o artigo acima, Obama está a chegar ao poder. Já prometeu endividar o país em mais de um trilião de dólares para colocar em curso os seus planos de administração económica e salvamento das suas industrias preferidas. Este dinheiro, não haja duvidas, vai ser angariado através da venda de títulos de divida publica, fazendo assim baixar o preço e subir as taxas de juro.

Adicionalmente, os compradores habituais destes títulos (Japão, China e Europa) estão com os seus próprios problemas. A China comprava muitos destes títulos para poder assim manipular a taxa de cambio entre o Yuan e o dólar americano. Não só o Yuan começa a ter os seus problemas como os governantes chineses começam a questionar-se se vale a pena ter a sua moeda “colada” à americana, estando sujeitos aos juros baixos da FED quando a inflação ainda está em níveis muito altos nos territórios chineses. É natural, até para implementar os seus próprios programas de “estímulos económicos”, que a China deixe de ser um comprador de dívida dos EUA para passar a ser um vendedor. O mesmo se passará com o Japão e eventualmente com a Europa embora talvez a um menor nível.

São estes os factores que, na minha óptica, irão entrar em campo durante 2009 levando a uma forte depreciação dos títulos de dívida publica americana (e por arrasto, toda a dívida estatal) que apenas a FED pode parar através de uma intervenção massiva (ainda maior) nestes mercados com operações de monetização da dívida, ou por palavras mais simples, irão ser imprimidas as notas suficientes para pagar estes títulos de dívida e sendo que esta acção adiará um pouco o rebentar da bolha neste activo a sua consequência será bastantes mais fácil de prever num outro activo que todos conhecemos bem: o colapso do dólar americano – o papel que hoje serve em todo o mundo como a principal (única?) ferramenta para extinguir (e criar) dívida.

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