Um texto de David Rosenberg:
First we have governments bailing out banks (and auto companies and mortgage providers), homeowner debtors, and now we have governments bailing out governments. When does someone finally say — enough is enough!
Look, Greece is not going to “fail”. They are going to default. There will be a debt restructuring. And there will be some recovery. Bondholders will take a haircut — why shouldn’t they? Why should Angela Merkel care if German banks own Greek bonds? Greece has been in default in its recent 200-year history almost half the time. So has most of Latin America come to think of it. What about Russia?
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Ban the bailout!
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Que tipo de pessoa é?
Existem dois tipos de pessoas que culpam os "especuladores" por todos os males que acontecem recentemente. Uns são os aldrabões que querem esconder a sua responsabilidade atrás dos especuladores, os outros são os ignorantes que normalmente nem sabem bem o que é um especulador.
Vital Moreira provavelmente cai na categoria de ignorante. Também por querer partir os dentes a essa malta que ele não sabe bem quem é cai noutra categoria que eu não vou dizer qual é (já disse uma asneira hoje no blog e não quero descambar).
Uma questão de honra
“You want the truth? You can’t handle the truth. Son, we live in a country with an investment gap. And that gap needs to be filled by men with money. Who’s gonna do it? You? You, Middle Class Consumer? Goldman Sachs has a greater responsibility than you can possibly fathom. You weep for Lehman and you curse derivatives. You have that luxury. You have the luxury of not knowing what we know: that Lehman’s death, while tragic, probably saved the financial system. And that Goldman’s existence, while grotesque and incomprehensible to you, saves pension funds. You don’t want the truth. Because deep down, in places you don’t talk about at parties, you want us to fill that investment gap. You need us to fill that gap.
“We use words like credit default swaps, collateralized debt obligation, and securitization… We use these words as the backbone of a life spent investing in something. You use ‘em as a punchline. We have neither the time nor the inclination to explain ourselves to a commoner who rises and sleeps under the blanket of the very credit we provide, and then questions the manner in which we provide it! We’d rather you just said thank you and paid your taxes on time. Otherwise, we suggest you get an account and start trading. Either way, we don’t give a damn what you think you’re entitled to!”
E enquanto não estivermos preparados para lidar com a verdade não podemos mudar a realidade, por mais urgente que seja lidar com ela.
Via Baseline Scenario
Ouch
Tendo em conta os recentes desenvolvimentos achei por bem voltar a actualizar este gráfico hoje em vez de esperar por dia 15 como é hábito.
Tenham medo...
Titulos de dívida
A projecção que tinha aqui mencionado sobre a dívida grega foi já ultrapassada e rende hoje 11,1%.
A dívida portuguesa, também a 10 anos, ultrapassou hoje pela primeira vez os 6%.
Cavaco, Sócrates e Passos Coelho desdobram-se em reuniões, como se servisse de alguma coisa. País de merda.
Sobre o risco de contágio
Após umas mini-férias, que terminaram hoje assistindo a uma queda de mais 5% no PSI20 e com taxas de juro perto dos 6% para o financiamento do Estado português a 10 anos, nada melhor que regressar com o tema do "risco de contágio" da Grécia a Portugal:
Portugal é o quinto país da Europa que mais investiu na dívida do Estado grego. Segundo um relatório do economista-chefe do Citigroup, Willem Buiter, no final do ano passado a banca portuguesa tinha 9,8 mil milhões de dólares aplicados naquelas obrigações. É o equivalente a 6,84 mil milhões de euros, e representa 5,1% da dívida grega no balanço das instituições financeiras da Europa.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Manipulação nos metais precisos
É tema recorrente de tempos a tempos por aqui e decidi voltar a falar nele devido a um debate bastante interessante sobre as conclusões a tirar do último inquérito da CFTC.
Recomendo a leitura deste artigo do CEO da BullionVault.
Futures and forwards work hand-in-hand. Futures give the bank the opportunity to approximately hedge out any price risk they have taken on a specific forward trade. Futures are standardized, highly liquid and easily traded in volume. The beauty of futures is that all the gradual liquidity of three months of forward deliveries on specific dates can be concentrated in a standardized futures contract which you can deal with any trader, because all the contracts expire on the same day and with the same terms, regardless of which trader you choose. This exchangeability is the source of their liquidity.
Forwards, on the other hand, are hopelessly illiquid. Each was custom built 'over the counter' for a specific settlement day. But forwards really are deals in physical gold – which will settle as Good Delivery bars, on almost every day of the year. So the flow of forwards through the vaulting system is smoother than the flow of futures through a futures exchange, which rush to close en-masse at expiry.
E a resposta de Adrian Douglas:
The Bank for International Settlements (BIS) in its Q2 2009 OTC Derivatives report gives the notional value of gold forwards and swaps as $179 billion and for silver as $101 billion. In weight terms this is 193 million ozs of gold and 7,481 million ozs of silver. Over the last 50 years all large above ground inventories of silver have been drawn down so the only legitimate sellers of silver forwards on a consistent basis have to be mining companies. The US Geological Survey tells us that in 2009 the total silver reserves on planet earth were 8,400 million ozs. If the LBMA is not a paper market we would have to believe that mining companies have already sold forward 89% of the silver reserves of the world! Yet if we look at the major silver mining companies their production is largely unhedged. So who could possibly have sold forward 89% of the economically mineable silver on the planet if it was not the entities who actually own it? It must be entities who don’t own it. The inevitable conclusion is that the LBMA forward market is a paper market and is not backed by future production.
E para finalizar este artigo que critica fortemente a GATA pelas "teorias de conspiração" e de confundir deliberadametne o publico, e a respectiva resposta.
Grécia pede ajuda
Sem surpresa para os leitores habituais do inflacionista, a Grécia decidiu hoje pedir que o plano de ajuda proposta pela UE e pelo FMI seja activado. Com dinheiro suficiente para durar até o meio de Maio, os governantes gregos decidiram adiantar já o pedido de ajuda para que a burocracia de Bruxelas seja ultrapassada a tempo de evitar um default.
Como também não supreenderá os leitores do inflacionista, esta ajuda (se vier, porque as coisas na Alemanha não estão faceis politicamente) não irá resolver nada mas apenas adiar o problema como Jim Rogers bem faz ver.
O que surpreenderá a nossa elite política e jornalistica é a CGD já estar a pagar a factura:
Forget Greece: the European "subprime" contagion is spreading. The biggest daily movers in CDS land are now not some irrelevant Greek banks which the world has now given up on, but Portuguese Caixa Geral de Depositos, S.A. (+32 bps, 12%), Belgian Fortis NV (+8 bps, 11%) and Spanish Banco de Sabadell SA (+20 bps, 8%) and Banco Pastor SA (+23 bps, 7%).
Enquanto isso, os bonds da dívida grega parecem estar a fazer um H&S invertido com projecção para os 10%.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Coisas fascinantes
Como é que uma yield curve conjuga a probabilidade de um bail out a curto prazo com um cenário de insolvência a médio prazo?
Assim:
Novidades?
Só mesmo no continente...
Juros da dívida grega sobem acima dos 8,75%.
Juros da dívida portuguesa sobem 60pbs numa semana.
PSI20 perde 7% no mesmo periodo temporal.
Tudo normal.
Humor grego
Mesmo na crise eles não perdem o sentido de humor.
Labour unions are protesting that they are not responsible for the current economic crisis in the country, and that they should not be the ones having to pay for it.
Nada como uma greve para melhorar as contas públicas.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Balão de oxigénio (III)
E os juros da dívida grega (a 10 anos) passaram hoje pela primeira vez os 8%. A culpa, claro, continua a ser dos outros mas a realidade essa aproxima-se cada vez mais. FMI/UE ou default?
A escolha está quase a chegar.
Sócrates devia estudar bem este dossier, visto que a curto prazo passará pelo mesmo dilema.
Cada vez mais nojento
Mais um péssimo editorial do Jornal de Negócios a tentar colocar as culpas de todos os males em cima dos "especuladores".
Revela não só popularismo (normal em quem tenta vender jornais) mas acima de tudo ignorância dos instrumentos financeiros que aborda, o que devia ser impossível num jornal que se diz especializado.
Que interesses tenta servir esta coluna? Esclarecer o público não é certamente.
terça-feira, 20 de abril de 2010
Vitimas esquecidas
Numa altura em que as mais altas personalidades se desdobram em acusações aos especuladores pelos problemas de Portugal e Grécia convém não esquecer a ultima grande vítima portuguesa dos especuladores. Afinal de contas o negócio da senhora só falhou porque os malvados pararam de lhe emprestar dinheiro.
Novo ETF de ouro
Foi lançado recentemente um novo ETF de ouro por Eric Sprott.
Neste video além de falar deste novo fundo (que permitirá entrega física) fala, claro, da crise económica e porque o ouro continua a ser um bom investimento.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Portugal igualzinho à Grécia
Há duvidas?
Weber, citing television footage of Greek demonstrators, expressed concern that sections of the Greek population either don’t care or fail to appreciate the seriousness of the situation their debt-laden country faces.
E, já sem surpresa acrescentou:
Bundesbank President Axel Weber told German lawmakers that Greece may need more aid than the 30 billion euros ($40 billion) promised by the European Union as the government in Athens struggles to push through planned spending cuts.
UE processa Goldman Sachs
Durão Barroso afirmou que estes tipos da Goldman Sachs são os verdadeiros culpados pela erupção dos vulcões islandeses:
In a statement delivered in Romansh, the official EU language of the month, Barroso said, “We have uncovered evidence that this so-called ‘natural disaster’, which is costing the EU hundreds of millions of Euros, is in fact an Act of Goldman, and we intend to hold the Zionist-American cabal in charge of the firm accountable.” “First the profligate Americans drag the world into a near-depression and now they crap all this ash on us. Who the hell do they think they are?” added Greek Prime Minister George Papandreou from Athens, where he was chairing a conference on Greek sovereign debt entitled, “How American Speculators Forced Us to Cook the Books, Lie to Our European Partners, and Pretend We Don’t Need A Massive Bailout”.
Portugal sobe no ranking!
Há cerca de três meses fiz uma breve análise das origens da crise neste tópico. Além das breves causas da crise abordei as diferentes formas com que os governantes dos diferentes países da zona euro estavam a abordar os problemas com que se deparavam escrevendo a propósito da Irlanda:
E assim podemos ver a diferença entre duas maneiras de agir: Aqueles que agem para resolver os problemas ganham estabilidade financeira, aqueles que brincam aos governantes ganham dores de cabeça. A este ritmo não será de espantar que lá para o verão este gráfico já esteja invertido com Portugal e Espanha acima da Irlanda… certamente uma boa arma de arremesso para as próximas campanhas eleitorais para podermos todos a continuar a não fazer nada até ao dia que tenhamos de chamar o “papá FMI”.
Algumas coisas mudaram entrentanto: Por exemplo, na altura só os mais maléficos especuladores se atreviam a falar do FMI na zona euro enquanto que hoje o tema é já curriqueiro. O que não mudou foi a percepção negativa que os mercados tinham do nosso país, bem pelo contrário agravou-se e como previsto na altura o custo da dívida Portuguesa é hoje mais cara que a Irlandesa pela primeira vez desde, pelo menos, os últimos 18 meses.
No gráfico em cima pode acompanhar-se a evolução dos spreads para os títulos alemães. Para números concretos, Portugal passou de uma taxa de juro de 3.91% em Dezembro para 4.61% hoje. Já a Irlanda fez o caminho inverso vindo dos 4.88% para 4.59%.
Por lá continuam a tentar resolver o problema, por cá caminhamos alegremente para o abismo. Por uma vez, acho que tomamos a opção certa.
Balão de oxigénio (II)
O balão de oxigénio fornecido à Grécia pela UE teve a espectacular duração de… uma semana. O preço da dívida a 10 anos já se encontra em novos máximos.
Nada de surpreendente, como tinha escrito antes o bluff não compensa. Resta agora o plano B (activar o financiamento junto da UE e FMI) ou no caso de alguém ganhar juízo naquela terra podem sempre tentar renegociar a dívida com os credores.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Grécia não é a notícia do dia
Hoje, vêm do outro lado do Atlântico: Goldman Sachs acusada de fraude pelo SEC (Security Exchange Comission):
According to the SEC's complaint, filed in U.S. District Court for the Southern District of New York, the marketing materials for the CDO known as ABACUS 2007-AC1 (ABACUS) all represented that the RMBS portfolio underlying the CDO was selected by ACA Management LLC (ACA), a third party with expertise in analyzing credit risk in RMBS. The SEC alleges that undisclosed in the marketing materials and unbeknownst to investors, the Paulson & Co. hedge fund, which was poised to benefit if the RMBS defaulted, played a significant role in selecting which RMBS should make up the portfolio.
The SEC's complaint alleges that after participating in the portfolio selection, Paulson & Co. effectively shorted the RMBS portfolio it helped select by entering into credit default swaps (CDS) with Goldman Sachs to buy protection on specific layers of the ABACUS capital structure. Given that financial short interest, Paulson & Co. had an economic incentive to select RMBS that it expected to experience credit events in the near future. Goldman Sachs did not disclose Paulson & Co.'s short position or its role in the collateral selection process in the term sheet, flip book, offering memorandum, or other marketing materials provided to investors.
Investors in the liabilities of ABACUS are alleged to have lost more than $1 billion.
A quem é que a Goldman se esqueceu de pagar na administração Obama?
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Eu explico...
«O nível do preço é muito elevado e nalguns casos é difícil compreender porque é que é tão elevado. Naturalmente que vou procurar explicações junto das empresas desse sector» – Vieira da Silva, Ministro da Economia
1) Para o caso de se ter esquecido, o imposto que o seu governo coloca no combustível é superior a 35% do preço final.
2) Devido à “recuperação económica”, também conhecida por “imprime que isto passa” o barril de petróleo passou de $35 para $86 no espaço de um ano.
3) Devido aos défices do seu governo, e dos governos de outros países com quem partilhamos a nossa moeda, o euro é já conhecido em alguns circulos como lixo tóxico. A última tendência nas festas de Cascais é mesmo trocar notas de 50€ por hipotecas em Detroit. Obviamente a tendência de desvalorização do euro amplifica a subida do petróleo e derivados nos mercados.
Posto tudo isto, pergunto-me Sr. Ministro se não deviam ser os empresários do sector a pedir explicações ao Governo sobre os preços do combustível.
Já o presidente da ANAREC estranha "que algumas empresas baixem os preços dos combustíveis nos fins-de-semana, questionando os motivos pelos quais não o fazem nos restantes dias".
É o que dá viver muito tempo perto de socialistas. Eu por exemplo, acho estranho que a portagem na 25 de Abril não seja mais cara em hora de ponta (ou, por exemplo, mais barata ao fim-de-semana) mas enfim… cada um estranha o que lhe apetece.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Actualização de spreads (V)
Actualização do gráfico. Entre Portugal e Irlanda são apenas 0,1% de diferença e a Grécia já está novamente acima dos 7% como previsto.
terça-feira, 13 de abril de 2010
Balão de oxigénio
O bail out que a UE propôs para a Grécia com o meu dinheiro deu hoje os primeiros resultados:
O organismo que gere a dívida pública grega anunciou hoje que foram emitidos 780 milhões de euros em Bilhetes do Tesouro com maturidade de 26 semanas, sendo que a oferta foi superior em 7,67 vezes ao valor disponível. O juro ficou em 4,55%.
O mesmo aconteceu com outra emissão, mas de Bilhetes com maturidade a 12 meses, tendo sido emitidos 780 milhões de euros em que a procura dos investidores mais do que sextuplicou a oferta. O juro desta operação ascendeu a 4,85%.
O plano de emergência foi conhecido no Domingo e os mercados reagiram em força no dia de ontem (os que tinham informação previligiada da comissão europeia já tinham reagido na Sexta). Os detalhes que são conhecidos dizem que estamos a falar de 30 mil milhões a serem emprestados este ano e para serem pagos a 3 anos. Olhando para a notícia do DE podia pensar-se que foi um grande sucesso (e tendo em conta que a semana passada as taxas chegaram aos 14% foi de facto um leilão muito bom), mas olhando para toda a curva de yields grega percebe-se o que se passou melhor:
Primeiro, as obrigações a curto prazo desceram sabendo os especuladores que podiam compra-las baratas que haveria sempre comprador para elas a preços mais caros (cortesia da UE e do FMI). Os especuladores maléficos de ontem são os investidores angélicos de hoje porque fizeram aquilo que os governantes queriam: baixar os juros sem que estes tivessem de fazer nada.
Em segundo lugar, apesar da queda abrupta nos yields durante o dia de ontem nas obrigações de mais longo prazo (as taxas a 10 anos passaram de 7,50 para 6,60) mas hoje já vão novamente a subir (6,75)demonstrando que o mercado não tem confiança nenhuma na Grécia a longo prazo mas sim na capacidade da UE de imprimir notas a curto prazo.
Juntando estes dois pontos, chega-se à mesma conclusão que eu cheguei aqui: O bluff vai, mais tarde ou mais cedo, ser chamado pelos que na altura serão novamente maléficos especuladores e teremos mesmo que colocar o nosso dinheiro naquele buraco. Toda a gente sabe disto, menos aqueles que preferem não saber. Em Maio haverá novo leilão de dívida para aqueles lados, a ver vamos se o mercado continuará tão crente nas palavras europeias ou se vai pedir acções.
domingo, 11 de abril de 2010
Onde é que eu já ouvi isto antes?
“The question remains whether this mechanism will convince markets just like a gun on the table. If it does not convince them, it is a mechanism that it is there to be used.” – Ministro das Finanças Grego, Abril de 2010
“If you’ve got a squirt gun in your pocket you may have to take it out … If you’ve got a bazooka, and people know you’ve got it, you may not have to take it out.” – Hank Paulson, Julho de 2008
Entretanto a nossa parte vão ser quase 800 milhões de euros. Não é que faça diferença, quando as coisas correrem mal para eles mais milhão menos milhão é igual.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Prata - Anomalia no mercado? (VI)
O mercado da prata foi aqui acompanhado com muita regularidade em 2008 e inicio de 2009 devido ao que eu considerei uma anomalia no preço spot da prata durante esse período (entretanto a situação começou a normalizar no 2º trimestre de 2009). Para quem não acompanhou a discussão ficam aqui os links:
Prata - Anomalia no mercado? (I, II, III, IV e V)
Como eu disse, entretanto a normalidade foi regressando (apesar de ainda estarmos longe dos níveis realmente normais antes de Setembro de 2007) razão pela qual fui colocando aqui menos posts sobre o assunto (apesar de este indicador se ter demonstrado uma grande oportunidade de compra). Pego hoje no assunto porque no final do mês passado houve uma audiência na CFTC (Commodity Futures Trading Commission) com vários intervenientes no mercado para tentar explicar o tamanho da posição da JP Morgan e se esta está ou não a manipular o preço da prata.
O assunto é complexo e não tenho tido muito tempo para falar sobre ele e não é agora que vou fazer uma grande dissertação, mas a acção tomada por Jason Homel forçou-me a escrever qualquer coisa... com base nos depoimentos na audiência da CFTC ele fez uma queixa ao departamento de justiça dos EUA:
JPMorgan Chase & Co. holds a large, concentrated, short position in silver futures contracts at the COMEX that allows them to unreasonably fix prices for silver lower than they should be, which resulted in widespread shortages of retail bullion, and 1000 oz. silver bars, over several months in 2008, at which time, I became a bullion dealer to help relieve the shortages caused by this price manipulation. I had to wait up to 5 weeks for delivery of 1000 oz. bars from one of the world's largest wholesale suppliers at the time.
It has been estimated that JPMorgan Chase & Co. has held up to, and over, 90% of the commercial short interest in silver futures contracts, essentially dumping silver on the market, silver that does not exist, in an attempt to contain, thwart, suppress, and manipulate the price of silver lower than it should be, and otherwise would be.
Diga-se de passagem, apesar do Jason gostar muito de prata e ser um player no mercado não deixa de ser socialista. Eu não tenho problema nenhum com a "concentração" da posição. Se eu quiser comprar mil toneladas de prata ninguém tem nada a ver com isso, o dinheiro é meu e espero que não me venham expropriar por "concentração de posição". O problema prende-se mesmo com o facto de a JP Morgan se estar a fazer valer de um sistema fraccional para vender curto prata, particularmente prata que ainda não existe.
Eu prometo que vou tentar escrever mais sobre o assunto nas próximas semanas mas para já fiquem com os links para o que se passou em Março na referida comissão:
Descrição das audiências por Jason Hommel.
Trader denuncia manipulação com dois dias de antecedência.
Trader que denuncia manipulação vítima de atropelamento e fuga.
Esta imagem do preço da prata nas últimas semanas reflete o dia que Maguire disse à CFTC que iria haver manipulação de mercado, alegadamente avisou a comissão vários dias antes de esta acontecer.
O tema é extremamente delicado e o Jason não é certamente isento. De qualquer das formas, quem tiver paciência leia os textos que deixei e tire as suas próprias conclusões.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
O cheiro de Napalm pela noite
Em Setembro de 2008 os EUA decidiram banir, temporariamente, o chamado “short selling” como forma de conter as quedas nos mercados accionistas. Foram, claro, seguidos de perto pela Europa em geral e pelo nosso primeiro em particular que declarou na altura, em plena Assembleia da República, que não sabia muito bem o que era isso mas que era, obviamente, contra.
Não demorou muito os mercados enfrentaram a maior queda dos últimos 20 anos. A razão é fácil de compreender, quem está “curto” só ganha se conseguir comprar mais barato do que aquilo que vendeu, ou seja, para tomar lucros tem que comprar. Isto significa que quando há quedas abruptas no mercado o interesse próprio do maléfico especulador em causa faz com que ele compre os bens, fornecendo liquidez ao mercado ao mesmo tempo que o “segura”. Claro, quando os governos dizem que estas pessoas não são bem vindas não há ninguém para amparar as quedas dos mercados e estas são muito mais desordeiras e agudas.
Poderiam pensar que, sendo esta memória tão recente, os governantes teriam aprendido qualquer coisa mas claro… burro velho não aprende linguas. E assim sendo a Grécia proibiu hoje a venda curta dos seus títulos de dívida numa tentativa de abrandar a subida das taxas de juro. Não só vão falhar esse objectivo a médio prazo (no curto prazo há sempre uma reacção positiva causada pelo fecho forçado das posições) como se estão a colocar a jeito para acelerar a chegada da bancarrota. E não, ninguém vai aprender nada com isso. José Sócrates fará o mesmo pouco tempo depois.
O cheiro de Napalm pela manhã
Passaram dois dias desde que parecia que a chegada aos 7% podia ser algo importante. Ainda mal acordei e a última cotação mostra 7,38%, uma deterioração de cerca de 90 pontos num curto espaço de tempo.
Os rumores de ontem foram primeiro que o Commerzbank alemão estava a retirar financiamento aos bancos comerciais gregos. Isto levou a que os maiores bancos gregos tivessem, mais uma vez, de pedir ajuda financeira.
Do artigo:
Data also showed Greek bank deposits had fallen 8.4 billion euros, or 3.6 percent of the total, since December.
O cheiro não engana... está a arder.
quarta-feira, 7 de abril de 2010
FedEX Vs UPS
Um exemplo de como o governo lixa tudo, mesmo quando não é de propósito.
terça-feira, 6 de abril de 2010
Novo máximo
Com a última notícia que aqui deixei da Grécia o Euro deu mais um mergulho abaixo da linha de 1.34 que tinha mencionado o mês passado. Enquanto isso, medido em USD o ouro continua a consolidar acima dos $1030 de referência.
Tudo junto, dá mais um máximo histórico do ouro cotado em euros, tocando no intraday nos 850€ a onça ou 27300€ o Kilo.
A expressão "o seu peso em ouro" volta a ter outro brilho.
Uma questão de Yield
A última república Soviética
Na Grécia, o Estado controla o número de admissões em 70 profissões privadas, limita o lucro de mercados como o de combustíveis e o farmacêutico e atira com muita carga burocrática para cima das empresas.
Trata-se da “ultima economia soviética da Europa”, diz ao Negócios Yannis Stournaras (na foto), professor na Universidade de Atenas e que na década de 1990 preparou a adesão do país ao Euro, enquanto conselheiro principal do então primeiro-ministro Costa Simistris.
É um excerto do Jornal de Negócios, mas assim de repente diria que não é certamente a última. Consigo lembrar-me de pelo menos mais uma.
Via Insurgente.
É bom recordar
Perguntaram em 2004 a Milton Friedman o que ele tinha a dizer sobre o Euro.
In an exclusive interview with the EUobserver, Professor Friedman argues, "there is a strong possibility that the euro zone could collapse in the next few years because differences are accumulating between countries ... I'm not saying it is a certainty, just that it is a strong possibility".
He suggests that the euro could be replaced with the old national currencies.
E eu sou um tipo que nem gosta do Friedman.
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Discussão no ThinkFN
Este texto foi escrito numa discussão no forum ThinkFN e decidi partilhar convosco. Espero que gostem. Para entenderem o contexto leiam aqui.
Race to the bottom:
Como o Inc disse isto é um mito, não existe uma corrida até ao fundo mas sim um encontrar do equilíbrio entre os vários mercados hoje em dia globalizados. Podemos pensar neste tema de uma forma que os portugueses se relacionam mais directamente como foi a entrada inicial do nosso país na UE. Também os alemães e franceses poderão nessa altura ter pensado que estavam a entrar numa “race to the bottom” quando viram os nossos ordenados num mundo sem alfândegas, mas nós subimos o nosso nível de vida. Ou seja, não piorámos todos. Uns ficaram pior, outros ficaram melhor demonstrando que a tese do equilíbrio é a correcta e não um esmifrar da população global.
A deslocação da INDITEX para Marrocos fará a mesma coisa. Criará procura no mercado de trabalho marroquino que só poderá ser satisfeita pagando pelo trabalho das pessoas quantias que antigamente não estavam disponíveis nesse mercado. Ganharam os trabalhadores marroquinos, perderam os trabalhadores do Rio do Ave. Mas mais importante: ganharam os biliões de potenciais consumidores da INDITEX.
Yuan:
É verdade que a China faz batota com a sua moeda. É verdade que isto faz deslocar postos de trabalho para a China. É falso que sejamos uns grandes prejudicados, no imediato, por isso. Na realidade o grande prejudicado é o típico trabalhador Chinês e o principal beneficiário é o típico consumidor ocidental. Esta manipulação da moeda faz com que os chineses praticamente nos enviem os seus produtos de borla, é uma das razões porque é possível termos alguém a receber subsídios para não fazer nada e esta pessoa ter produtos para comprar.
Se os chineses em vez de ficar com a nossa dívida em troca dos seus produtos pedissem bens em troca seríamos nós os prejudicados. Teríamos que passar a trabalhar e fabricar algo de interesse para os chineses se queríamos as coisas deles e por sua vez os chineses iriam aumentar a sua qualidade de vida já que teriam algo em troca do seu trabalho mais útil do que aquilo que hoje em dia recebem. Nós temos um “esquema” que nos permite esmifrar os chineses com o consentimento e apoio do seu governo. Não são os trabalhadores chineses os maus da fita por trabalharem barato.
Sustentabilidade do sistema:
A sustentabilidade do sistema (ou falta dela) já vem muito de trás. É irrelevante vir dizer que nos anos 80 o Estado Social funcionava na perfeição ou que era tudo muito bom, não há uma separação concreta de nada entre 1980 e 2010. O acontecimento mais relevante nesses 30 anos foi provavelmente a queda do muro de Berlim e embora isso tenha mudado muito a leste, no Ocidente o sistema é praticamente o mesmo. A crise tem origem nesse estado social que parecia funcionar.
Para dar um exemplo meio parvo mas de simples compreensão, se em me endividar em 100 milhões de euros e tiver um período de carência de 30 anos vou poder fazer uma grande vida. Quando tiver que começar a pagar também vou poder dizer “ena pá, isto há 30 anos é que eu vivia bem. A crise é uma chatisse” mas obviamente os problemas estão interligados. Apenas porque demora 30 anos a aparecer uma relação causa-efeito não quer dizer que não estejam relacionados.
Falou-se muito no início desta crise como “os mercados falharam” e o “Estado teve que intervir para salvar o capitalismo”. José Sócrates profetizou mesmo “o regresso do bom e velho Estado”. Primeiro, o que vivíamos não era, para mim, um sistema capitalista mas mais importante do que isso é que a haver uma segunda leg down (como acredito que vai haver) será visível que o problema está exactamente no Estado (é olhar para a Grécia) e no tamanho das suas despesas - principalmente as sociais. que não conseguem ser financiadas. As crises de dívida soberana e monetárias que (penso eu) se aproximam irão demonstrar que a crise é uma crise de Estado, grande demais e que necessita de entregar a economia aos seus principais agentes para agirem livremente. O perigo depois passa por pensamentos mais ou menos JAMianos que poderão levar a algumas guerras para tentar manter um “status quo” que já não existe e implementar sistemas de protecção impossíveis de manter a longo prazo sem mergulhar as populações numa pobreza extrema.
Acreditem que a primeira razão porque “posto” aqui é pelo divertimento das discussões mas existem uma quantidade de razões secundárias. Uma delas é que com a informação que aqui coloco as pessoas entendam os erros das políticas económicas comummente defendidas pelo Estado e, por vezes, até exigidas pela população. Quanto mais conhecimento houver sobre o efeito negativo destas medidas menos apoio terá um Governo que as queira implementar.
Podemos discutir tudo isto num plano ético ou moral como já aqui foi algumas vezes feito mas no fim será inútil. A realidade tende a impor-se e independentemente da nossa posição ética sobre o facto de uns serem expropriados para outros não terem que trabalhar (e outras coisas que acontecem hoje nas sociedades ocidentais) este terá as suas consequências económicas, principalmente quando concorremos com outros com um código moral completamente diferente, alguns que até “endeusam” o trabalho.
Consumidores:
Ao contrário do que o “senso comum” diz, não são os produtores que “mandam” no mercado - são os consumidores. O mercado se for deixado completamente livre é uma mera “democracia de consumidores”. Cada vez que compramos o produto A em vez do B ou C estamos a colocar o nosso voto no mercado, a dizer que gostamos mais da forma como A é produzido do que B ou C. Existem algumas pessoas que acham que este sistema é incorrecto, que devia haver uma “ditadura de produtores” a gerir o mercado e isso pode ver-se mais nos movimentos sindicalistas. No entanto a maioria das pessoas não pretende isso, inconscientemente ou não o que procuram é um caso de “ditadura de produtores” naquilo em que trabalham e uma “democracia de consumidores” em tudo o resto, ou seja, querem, como o comum dos mortais, vender o mais caro possível (com a ajuda do Governo de preferência para penalizar a concorrência através de impostos como alfândegas ou de subsídios directos a eles próprios como nas energias renováveis) e comprar o mais barato possível (são normalmente contra monopólios em todas as áreas que não sejam a sua).
O CEO da INDITEX não vai para Marrocos porque gosta mais deles ou menos de nós. Ele vai porque acha que no futuro os consumidores dos seus produtos vão querer comprar mais barato. Está tão convencido disso que assume que se ele não for capaz de fazer um produto mais barato outro concorrente virá ao mercado fazer o que ele não faz e o levará à falência (o que eventualmente leva ao fecho da INDITEX no Rio do Ave à mesma). Em Marrocos ele encontra uma maneira de fazer face ao que ele acha que são as futuras tendências dos consumidores e portanto desloca-se para lá. Obviamente isto tem custos e se ele estiver errado (o que os consumidores queriam mesmo eram coisas feitas à mão no Rio do Ave) vai abrir falência por não ter antecipado correctamente as expectativas dos consumidores, eventualmente alguém virá para o Rio do Ave para satisfazer essa necessidade e voltará a haver empregados na indústria.
Ou seja, o CEO da INDITEX é irrelevante para o resultado final. Ele apenas fez uma estimativa como todos fazemos nas nossas vidas, podemos estar certos ou errados tal como ele. Quem manda no seu sucesso sou eu, é o JAM, é o Inc, é o Karnuss… são os outros biliões de pessoas neste planeta que vão julgar os produtos da INDITEX pela sua qualidade e o preço a que estes lhe chegam. Se não os comprarmos a INDITEX fecha, se os comprarmos indicamos que o CEO tomou a decisão acertada e pode sobreviver mais uns dias como produtor, até ser enfrentado com a próxima decisão onde terá de adivinhar novamente as intenções futuras dos consumidores.
Há os que não gostam deste tipo de “democracia” e que gostavam de ter os consumidores “presos pelos tomates”. Doutrinas como o comunismo, socialismo (nas suas mais variadas formas) e sindicalismo entendem que os produtores sabem tudo sobre os consumidores e que devem ser eles a decidir tudo. Usava-se antigamente um slogan do género “as fábricas para os trabalhadores” que representa mais ou menos este tipo de ideologias, normalmente assumem que a gerência é uma coisa que está a mais e que basta os trabalhadores continuarem a fazer até ao resto da vida aquilo que sempre fizeram (e eliminar os ordenados da gerência) para trabalhar menos e ganhar mais do que antes. Não é preciso ser um génio para perceber que com qualquer tipo de concorrência esta empresa está condenada ao fracasso (o mercado muda todos os dias, empresas estáticas não sobrevivem) e que sem concorrência o consumidor vai pagar uma factura bem cara. Mais, se alargarmos isto para todos os ramos de produção a qualidade de vida geral das pessoas (que deve ser sempre medida em bens e serviços que podem consumir) será fácil de ver que todos viveremos pior pois haverá quebras na produção. Normalmente quem defende conscientemente esta linha de raciocínio tenta aproveitar-se daqueles que pensam que quem manda no mundo são os capitalistas/produtores.
Para terminar só relembrar o facto que no sistema misto que vivemos (ou socialismo de 3ª via como foi baptizado por Guterres e Blair) o Governo acaba por se comportar na “democracia de mercado” como qualquer outro consumidor, com a pequena nuance que normalmente detém uma máquina de imprimir notas (ou votos) e/ou acesso a financiamento que traduz o mesmo efeito. Ora imaginemos que o Inc quer comprar X para fazer uma casa e o Socas quer comprar X para fazer um TGV. Visto que X não é infinito, e que a maneira de alocar X a uma casa ou um TGV é através do preço imaginem o que vai a “democracia” decidir se um dos intervenientes no processo tem acesso à tal máquina de imprimir votos…